quinta-feira, junho 28, 2007

The Doors

Não acredito no lagarto do Jim Morrison, é uma farsa. Apesar disso, os anos passam e eu continuo a ser penetrado pela sua música. Aonde quer que esteja, as canções dos The Doors libertam sonhos, despoletam acções. O órgão, a voz, os sobressaltos na melodia, o poder das letras mantêm-me fascinado, absorvido, invadido por uma ambiência etérea. Como se todas as drogas tomadas pelo Morrison tivessem ficado presas nas canções que produziu.
Volto a ouvir as músicas e sonho com fogueiras ao relento, vozes dispersas, grãos de areia, a noite, olhos vítreos, relances e deuses perdidos. As canções esbatem-se contra o vento, e soam cada vez mais distantes, cada vez mais entranhadas na terra e no ar. Ao longe vejo um lagarto, a cabeça de um lagarto talvez, o sinal de fogo da insanidade. Não reajo, é mítico e inconsequente. Mas não censuro a sua presença, a música aproximou-o...

quarta-feira, junho 27, 2007

Tira-me do sério...

... esta questão do café. Estava para fazer um post deprimente com a Aimee Mann pelo meio e agora não consigo devido à bica que tomei. Tenho que esperar que o nível de serotonina baixe...:P

terça-feira, junho 26, 2007

Tenho procurado diariamente...

...antecipar a chegada do Verão. Vou todos os dias ao site da Instituto de Meteorologia, e vejo logo a previsão para os próximos dois dias. E nada! Rien! Sempre as mesmas secas de temperaturas que rondam os 24º de máxima e nunca ultrapassam os 26º Celsius. Porra! Verão que é Verão chega aos 30º, pelo menos! Venha a chuva, que faz bem à clorofila, mas nos entremeios que venha também o calor! Tenho dito.

É que mais uns dias assim e já não faz sentido cantar a música dos The Doors "Summer's almost gone" (que guardo religiosamente para a segunda semana de Setembro). Como "almost gone" se ele nem sequer aparece?! Grrrr...:P

quinta-feira, junho 21, 2007

A noite às 18:06, no dia mais longo do ano



A explicação e origem da fotografia, aqui.

Solstício do Verão

O evento é astronómico. O sorriso é pagão.

O prolongamento do universo

Nunca perdia o amanhecer nem o anoitecer. Davam-lhe movimento, ritmo, envelheciam-na. Os dois momentos diários tinham a particularidade de serem sempre diferentes, com tons, cores, matizes, que se renovavam em quadros únicos sucessivos. Ela perdia-se naquela lição de astronomia repetida, em que o sol fazia de astro professor... Não experimentava nenhuma epifania, somente a beleza brutal do exterior que condensava a razão e a emoção em lágrimas. Dava graças ter nascido no século XX, a compreensão científica do que se passava unificava-a com o momento, enquadrava-a. Fazia parte de uma bola rochosa com quilómetros de diâmetro e era na mistura entre o dia e a noite que a sua existência se prolongava e ficava abarcada pelo universo...

segunda-feira, junho 18, 2007

Proposta:

praia, descanso, descanso, descanso, praia, praia, praia, descanso, repouso, praia, ondas, banho, descanso, descanso, praia, praia, praia, descanso, praia. E, eventualmente, se for possível e houver um conjuntura astrológica favorável, estar com os amigos.

sábado, junho 16, 2007

Em Junho de 2008

poucos se lembravam das últimas chuvas que tinham ocorrido há um ano. Os campos estavam mirrados e o ar carregava o tom amarelado do pó. Cada centimetro quadrado do continente era fustigado pelo sol constante, que deixava as barragens cada vez mais vazias, e as horas que os canos das casas davam água diminuiam de mês para mês. O céu azul era odiado, todos os dias não havia cabeça que não olhasse para cima à procura de uma nuvenzinha que fosse...
Faltava uma semana para o começo do Verão, dizia-se que ia ser longo, quente e seco. Outubro parecia ser uma meta impossível e já ninguém prometia nada.

sexta-feira, junho 15, 2007

A vida é feita de descobertas tardias


Não descobri a pólvora mas o prazer é o mesmo.
Sobre o aluno que esfaqueou o professor na Universidade do Minho. Se fosse nos EUA, com certeza haveria uma arma em vez de uma faca, e com uma grande probabilidade um assassíno e uma vítima. A responsabilidade da acção não deixaria de ser do interveniente, mas, ainda bem que em Portugal o estado dificulta muito mais o uso legal de armas.

M96 é uma galáxia em espiral...


... e podem ficar a saber muito mais coisas sobre esta fotografia aqui. Tenho ido todos os dias ver a Astronomy Picture of the Day. Começo a pensar se não será patológico. É um belo sistema de fuga, o espaço (fuga mental, só!)... Qualquer dia estou a cantar a música dos Garbage "The World is not enough"...*explosão*

quinta-feira, junho 14, 2007

A cadeira abandonada de Andrew Bird














Só consigo sentir as membranas das minhas células. Estão inchadas e vibram, apertadas. Não deixam nenhuma ideia soltar-se, só o choro impede o meu cérebro de explodir... Lá ao longe continuo a ouvir uma ave a cantar. Não voa, mas canta tão certeira e atenta, tão sólida que me inutiliza. Gasto a energia que me resta a tentar compreendê-la. Sei, como se do passado tratasse que me perdi na última lágrima que vou deitar. Ficarei imóvel e vazio para sempre. Uma entidade oca a olhar para um pássaro.
Odeio as paredes do meu cérebro.

quarta-feira, junho 13, 2007

Comparações estilísticas














À esquerda, a pintura do pintor Michael Sowa. Chama-se "Franco and Erika".
À direita, o cover* de um disco dos "The Handsome Beasts". Whatever.
* Encontrei este cover neste site. Há mais. Cliquem. Vale a pena.

terça-feira, junho 12, 2007

Language

Num dos momentos mais belos do filme "Shortbus", o antigo Mayor de Nova York é perdoado com um beijo. Perdoado por representar o medo de uma década coberta por uma nuvem negra, por um pesadelo. O medo que nasce sempre com o desconhecido.

"Everybody knew so little then... I know even less, now."

Durante toda essa sequência, Scott Matthew (dono de vários temas da banda sonora e participante as one of the Shortbus House Band no filme) canta uma canção lindíssima de dor, preenchida por uma mágoa profunda e esquecida. Chama-se "Language". Pode ser ouvida aqui.