Olho para lá da janela. Tento ver o mesmo que a minha avó - que está do meu lado esquerdo - vê. Olho pretensioso, como se por um segundo, 88 anos de vida e experiência, de calo e dor, ocupassem o meu cérebro. Resta-me imaginar que vejo.
Mas a minha avó vê o seu filho mais velho a sair de casa, a entrar num carro e a partir, mais uma vez. Foram tantas as vezes... Muitas, muito mais dolorosas. Acho eu.
No seu dia de aniversário quero acreditar que o beijo que o seu filho mais velho lhe deu foi um momento de felicidade. Não sei que dizer. Sei tão pouco...
Ao entardecer, a sombra vai preenchendo rapidamente os telhados do meu bairro.
Um dia frio acompanha-te aos teus 25 anos de existência. Um dia contido, com rasgos de céu entre nuvens que chovem. Também não alcanço o teu olhar, apesar de estar muito mais perto. Mas sei tão pouco... Decifro no entanto uma busca pela indiferença, pelo esquecimento. Não quero estar certo.
Ainda vais estar ao meu lado, hoje. Serei uma parte no teu dia de anos, mas tu serás uma imensidão na minha segunda-feira de 29 de Janeiro. Anseio o jantar, partilhar dias contigo, viver mais um pouco...
3 comentários:
E tu, mano, és sempre essa imensidão que ocupa a segunda-feira e todos os outros dias. Tal como tu, anseio jantar, partilhar e viver contigo mais um pouco. Mais um pouco ou muito, muito mais. Sempre. Um abraço grande e um beijo. Adoro-te.
:)
Este dia, 29 de Janeiro de 2007, marcou um ponto de viragem na minha vida, foi um dia intenso em que fiz coisas que pensei não conseguir, não ter coragem, apesar de me considerar uma pessoa ousada na vida. Achei engraçado escolher a etiqueta "cá em casa" do teu blog e vir ter a este post tantos meses depois. Porque foi neste preciso dia em que descobri em que cidade me sinto em casa.
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