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sábado, outubro 29, 2011

Sobre a escrita

É tão isto mas é sempre ao lado.

Rádio Amália

Saí da noite e entrei no táxi. De fora deixei o fumo do tabaco e as luzes interiores e sentei-me na Lisboa já amanhecida. A Lisboa do fado na rua e do Tejo azul, da feira da ladra e do movimento de sábado. Entrei sozinho na manhã com a mesma certeza com que entrara sozinho na noite. Com a premonição do tempo. Contínuo, imparável. E atravessei a cidade ainda escura imerso no devir. Em direcção a casa. Adiantado. Fui acompanhado pelo suceder de vozes, pela guitarra portuguesa. Ainda de noite na manhã da rádio Amália.

terça-feira, abril 12, 2011

Toco com os pés de lã nas letras do teclado. Estou a fazer uma grande imprecisão ao escrever. Toco como se uma música vagarosa soltasse por baixo dos meus pé, em passos que dou, cada vez mais rápido. Faço ouvir com a premonição do fogo, do raio, do instante. Toco, porque sei para onde vou, sem medo de dizer que o berro que ouviram era meu. Toco e a minha voz soa grossa e fria e quente. Toco porque há espaço, porque me permito, porque sou.

sexta-feira, março 12, 2010

A correcção da fome

Do you know: Writing after dinner without dining? Atum e batatas, iogurte aos pedaços com tosta de queijo. No butter. Do you know? É diferente da correcção da sede. A correcção da sede pode continuar sempre, é pura. O estômago é outra coisa. Comer é uma procura de nós próprios. Comer é engolir-nos. Vai aos poucos.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Hiroshima meu amor

"O que poderia fazer o turista, se não, justamente, chorar?" *

O turista pode sempre esquecer...

* Hiroshima mon amour

domingo, janeiro 10, 2010

Song for a cold day

"I will never have the courage of others,
I will not approach you at all,
I was always taught to worry about things,
All the many things you can't control." *


* Midlake, "The Courage of others".

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Não conheço as suas canções e talvez sejam os arranjos, a voz de mulher, whatever. A "Tower of Song" do Cohen renovou-se com a Martha Wainwright a cantar. E eu diria que voltei aos meus 13 anos quando ouvia ininterruptamente o "I'm Your Man", mas não é bem isso. É um apelo diferente, uma canção nova com uma letra antiga.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

2010

Segunda-feira chega ao fim abafando os resquícios da última década. Sem eu saber porquê, 0 último mês de 2009 perdurou durante o fim-de-semana sempre que o meu olhar fugia para a contemplação. Mas os desejos foram semeados e a nova rotina ditou-me um amanhecer fresco que nem a Veneza de Corto Maltese - onde o Natal chega atrasado e o ano estende-se para lá do dia 31 de Dezembro - escapou. Hoje adormeço com Janeiro instalado em todo o mundo. Não é mau.

segunda-feira, novembro 30, 2009

domingo, novembro 29, 2009

"I can give it all on the first date I don't have to exist outside this place."

Basta desfazer-me de um pouco mais de humanidade e a pureza dos The XX deixa de me incomodar.

sexta-feira, novembro 13, 2009

O melhor berro da pop na última década

"Je t’aime the valley
Je t’aime the valley OH!!!
I am an orphan de la valley
And I won’t rest until I forget about it
I won’t rest until I don’t care
LA LA LA LA LA LA LA"

Não é "oh!!!" é AAAARAHHHHHHH!!!!!!!!!!. Expludam-me contra uma parede, por favor.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Queria ser figurante deste filme e gritar "I can Hardly Wait" *

"Lips cracked dry
Tongue blue burst
Say angel come
Say lick my thirst
It's been so long
I've lost my taste
Here Romeo
Make my water's break"

* O "Strange Days" é só pérolas, a Juliette Lewis a cantar PJ Harvey é uma delas.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Ainda os Elbow

"I can work till I break but I love the bones of you. That, I will never escape."
Só agora reparo no piscar de olhos ao "Summertime" que se ouve no final do "The bones of you", dos Elbow.

Mellow

sexta-feira, novembro 06, 2009

O teórico e o real

Eu: "Vemo-nos sábado à tarde?"
Ela: "Claro. Sábado de manhã não existe. É conceptual." *


* SMS talk.

quinta-feira, novembro 05, 2009

O meu segundo galão não teve direito a fotografia mas aqueceu-me a alma.

* Inauguro aqui um novo tag: Bebo galões and I'm not sorry. Com a perfeita consciência de que poderá vir a não ser utilizado mais vez nenhuma.

O meu primeiro galão

O meu primeiro galão tem alguns meses. Entrei num café para tomar o pequeno-almoço. Estava febril, a garganta latejava, queria algo quente. Saíram-me as palavras pela boca, descontroladas, em jeito de menino que adivinha ir viver uma descoberta. "Era um galão, se faz favor!"

Mãos rápidas, habituadas à tarefa, puseram a bica a sair enquanto aqueciam o leite. Depois, o gesto formidável: num só movimento o café chocou com o leite e durante um momento existiram duas fases dentro do copo.

(lembro-me de reconhecer o fenómeno, de o ter identificado na memória. mas desta vez eu era o culpado. testemunhei o branco do leite a ficar tingido. alterado. morto. e um segundo depois, quando tudo parecia estar perdido, a renovação)

O galão ficou pronto. Esvaziei os dois pacotes de açúcar, dei utilização à colher e levei a bebida à boca. O gosto não era inteiramente novo mas soube-me maravilhosamente...

Senti-me suficientemente velho para apreciar o galão sem culpas. Reconheço na situação a novidade ingénua da descoberta, feita por alguém que se aprisionou a um mundo falso, manufacturado (neste caso sem galões) e que teve a oportunidade de se libertar.

Agora, que o frio chegou e voltei a olhar para esta fotografia, apetece-me repetir a experiência.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Não é para fugir ao frio...

... é só um contraponto mental. Um festim.

Cais das colunas

O abrasador sol do meio-dia serve-se do nevoeiro para confundir as estações. Sentado nos degraus que se afundam na água turva, o meu corpo está indeciso se escolhe o calor ou o frio. À minha frente, duas gaivotas dão vida a um portal que encanta o Tejo. As aves consentem o vislumbre dos cacilheiros que fogem rio adentro, escoltados pelo nevoeiro, em direcção a um sonho. Parecem ter um lugar cativo, empoleiradas no topo das duas colunas. Uma está virada para a terra, para mim, os olhos da outra dirigem-se para a água infinita que se transforma em limalha de nuvem. Sigo-a no olhar em direcção ao sonho que me aquece e me arrefece, que me tira casa e acrescenta-me vida.