quarta-feira, dezembro 30, 2009

À espera de 2010

Nem estrelas ou signos, roupa nova, passas ou saltos de uma cadeira para o chão. Sirvo-me de gestos mais comuns para fechar a porta a 2009 e receber de braços abertos 2010. Uma frase inspirada numa música, a organização do calendário da próxima semana, arrumar o quarto, libertar-me de excessos mentais, não ruminar em assuntos mortos. Abrir espaço na prateleira do armário da casa de banho e encher um saco com um frasco de perfume vazio, cremes fora de validade, um plástico que já não guarda lâminas de barbear, uma escova de dentes usada que não chegou a ter dono.

sábado, dezembro 26, 2009

Os dias que não existem

Hoje arrancam os dias que não existem. Esquecidos antes de nascerem. Quando o ano já foi ditado, os acontecimentos marcados, os livros fechados. Seis dias em que nada de novo pode surgir, em que se expira as últimas moléculas do calendário, numa espera sôfrega para ouvir as doze badaladas do novo ano que está por chegar. O instante em que ficamos a olhar para o relógio das estações, quando o ponteiro dos segundos já terminou a sua volta, mas o dos minutos teima em marcar o novo começo. E nós, por momentos, duvidamos da continuidade do tempo.

sábado, dezembro 12, 2009

Para onde foram todas as paisagens emocionais?

Há esta falta de curiosidade, de wonder, que me assusta. A perda de interesse pelas palavras. Havia o tempo das emotional landscapes que me percorriam, mesmo quando faltava algo de tangente para se agarrarem. Existiam por si, para mim, sem a dúvida, sem a quebra. Um reboliço de vida que me preenchia mesmo que as testemunhas fossem raras. Talvez tenha abafado tudo nas sucessivas oportunidades que tive para amar. E com isso perdi o gosto.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Strange Days

Os dias estranhos nunca nos abandonaram. Foram escritos há mais de 40 anos e permaneceram, entre manhãs escuras, tardes soalheiras e noites quentes. Os dias estranhos entregam-se em fragrâncias puras e perfumam-nos os medos e as angústias. Cantam alto ritmos que ninguém nos ensinou. Auguram o negrume do final das épocas. Incendeiam o nosso inconsciente de detalhes, mostram-nos horrores no horizonte. Atingem-nos com o aviso de que o futuro é irreversível.

segunda-feira, novembro 30, 2009

domingo, novembro 29, 2009

"I can give it all on the first date I don't have to exist outside this place."

Basta desfazer-me de um pouco mais de humanidade e a pureza dos The XX deixa de me incomodar.

sexta-feira, novembro 13, 2009

E se eu tiver medo das alturas? E se eu não conseguir? E o que é que consigo se conseguir? E abraçar a tristeza? Mascá-la resolutamente. Engolir os maus presságios, viver de opressões. Deixar de sair de casa. "I love the valley." Não tento ser tudo, nem tenho gosto em ser nada. E o inverso. E a vontade. E quase morro sem tentar começar a ser.

O melhor berro da pop na última década

"Je t’aime the valley
Je t’aime the valley OH!!!
I am an orphan de la valley
And I won’t rest until I forget about it
I won’t rest until I don’t care
LA LA LA LA LA LA LA"

Não é "oh!!!" é AAAARAHHHHHHH!!!!!!!!!!. Expludam-me contra uma parede, por favor.

O Inverno aproxima-se e o meu dress code passa-se a reger por um sistema de camadas.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Queria ser figurante deste filme e gritar "I can Hardly Wait" *

"Lips cracked dry
Tongue blue burst
Say angel come
Say lick my thirst
It's been so long
I've lost my taste
Here Romeo
Make my water's break"

* O "Strange Days" é só pérolas, a Juliette Lewis a cantar PJ Harvey é uma delas.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Ainda os Elbow

"I can work till I break but I love the bones of you. That, I will never escape."
Só agora reparo no piscar de olhos ao "Summertime" que se ouve no final do "The bones of you", dos Elbow.

Mellow

terça-feira, novembro 10, 2009

Vai ser sempre demasiado tarde para a infância

É na frase que abre o livro de Doris Lessing no seu "O Sonho mais Doce" que tudo começa e acaba. "E partem pessoas que foram filhos afectuosos." Pressente-se o horror na universalidade e melancolia destas palavras, num livro que, se fala do passar das décadas da segunda metade do século XX, é também uma análise lúcida do que é a família e do que são as relações familiares.

Voltei hoje a estas palavras. Aos "filhos afectuosos" que são uma oportunidade para cada família, um começo e fim de amor antes de serem mais nada. Que, invariavelmente, se transformarão em adultos. Vai ser sempre demasiado tarde para a infância.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Os tornados são personagens recorrentes nos meus sonhos.

sexta-feira, novembro 06, 2009

O teórico e o real

Eu: "Vemo-nos sábado à tarde?"
Ela: "Claro. Sábado de manhã não existe. É conceptual." *


* SMS talk.

quinta-feira, novembro 05, 2009

A sétima saudade

Há sete formas de sentir saudade e a última é só minha. Inventei-a agora. Sinto a mais cristalina das saudades passado a ausência. É aí que ela transborda do meu inconsciente, inunda-me o cérebro e liberta-se pelos olhos. É quando volto a ver uma pessoa de quem eu gosto muito, passado meses ou anos de afastamento. Volto a olhar para os seus olhos e abate-se em mim a realidade da perda. Dos dias empobrecidos que se passaram sem ter tido a sua companhia, os dias em que a realidade me subtraiu a sua dimensão.
A sétima palavra mais difícil de se traduzir no mundo, disseram eles, é a saudade. Um número carregado. Hoje sinto outro tipo de saudade, mais difusa, menos preenchida, impalpável e, no entanto, universal. Saudade de viver. Cai na sexta posição.
O meu segundo galão não teve direito a fotografia mas aqueceu-me a alma.

* Inauguro aqui um novo tag: Bebo galões and I'm not sorry. Com a perfeita consciência de que poderá vir a não ser utilizado mais vez nenhuma.
Falta-me o ir por aí. Os instintos.

O meu primeiro galão

O meu primeiro galão tem alguns meses. Entrei num café para tomar o pequeno-almoço. Estava febril, a garganta latejava, queria algo quente. Saíram-me as palavras pela boca, descontroladas, em jeito de menino que adivinha ir viver uma descoberta. "Era um galão, se faz favor!"

Mãos rápidas, habituadas à tarefa, puseram a bica a sair enquanto aqueciam o leite. Depois, o gesto formidável: num só movimento o café chocou com o leite e durante um momento existiram duas fases dentro do copo.

(lembro-me de reconhecer o fenómeno, de o ter identificado na memória. mas desta vez eu era o culpado. testemunhei o branco do leite a ficar tingido. alterado. morto. e um segundo depois, quando tudo parecia estar perdido, a renovação)

O galão ficou pronto. Esvaziei os dois pacotes de açúcar, dei utilização à colher e levei a bebida à boca. O gosto não era inteiramente novo mas soube-me maravilhosamente...

Senti-me suficientemente velho para apreciar o galão sem culpas. Reconheço na situação a novidade ingénua da descoberta, feita por alguém que se aprisionou a um mundo falso, manufacturado (neste caso sem galões) e que teve a oportunidade de se libertar.

Agora, que o frio chegou e voltei a olhar para esta fotografia, apetece-me repetir a experiência.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Não é para fugir ao frio...

... é só um contraponto mental. Um festim.

Cais das colunas

O abrasador sol do meio-dia serve-se do nevoeiro para confundir as estações. Sentado nos degraus que se afundam na água turva, o meu corpo está indeciso se escolhe o calor ou o frio. À minha frente, duas gaivotas dão vida a um portal que encanta o Tejo. As aves consentem o vislumbre dos cacilheiros que fogem rio adentro, escoltados pelo nevoeiro, em direcção a um sonho. Parecem ter um lugar cativo, empoleiradas no topo das duas colunas. Uma está virada para a terra, para mim, os olhos da outra dirigem-se para a água infinita que se transforma em limalha de nuvem. Sigo-a no olhar em direcção ao sonho que me aquece e me arrefece, que me tira casa e acrescenta-me vida.
E a 2 de Novembro o Outono finalmente instalou-se.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Um workshop. Quero um workshop para falar à Chungking Express. Como é que ninguém se lembrou disto antes? Quero um workshop e a partir daí vou tornar-me empático com sabonetes que engordam, sumos de ananás quase fora do prazo e toalhas que choram. Vou sair para a rua e os meus olhos vão delimitar microcosmos e as palavras vão soar a sonhos. Tenho tantas saudades deste filme.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Fartei-me dos piscares de olho, das cumplicidades, das partilhas de pensamentos brilhantes. Não tenho nada de novo para dizer, não trago nenhuma inovação na forma de mastigar referências. "Chiclete mastiga, chiclete deita fora." Não era isso que os Taxi diziam? Acertaram.
O nevoeiro desce à cidade. Ninguém sabe o que fazer com ele. Poucos estão habituados à cegueira.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Não é na sala vermelha do Lynch que eu quero ficar. Paro antes no salão onde Julee Cruise costuma cantar o seu "The Nightingale" e troco a música. "Oh I buried you today" arranca um duo qualquer. Sento-me a ouvir a melodia rápida e triste de um amor morto, na companhia de uma bebida e de outros espectadores com olhos vidrados de quem tem o coração ainda mais solitário. "I know a heart is hard to please when love fades" continuam as duas vozes, sem ligar a uma luta, a um amor escondido, a uma bela rapariga cheia de mistérios que foi morta. Consigo evitar que a minha atenção se disperse na mesa que tomba, na faca que sai do bolso de alguém, abstenho-me em ler os sinais de todo o horror que está subjacente à cena e sigo atento os lábios da cantora e do cantor compenetrados a contarem a sua história. "But my heart was on fire, but now I cry" terminam as vozes antes do final da música. Eu acabo a bebida, levanto-me e saio porta fora para um cruzamento escuro, deserto, onde o vento sopra e os semáforos abanam.

segunda-feira, outubro 26, 2009

A música no volume certo, por favor. Bem alto.
A vida vai tornando-se irrevogável. Com traços, riscos precisos, balas. A realidade sucede-se sempre com uma capacidade espantosa de reinventar o que é inviável. Quando olhamos para as nossas duas mãos, uma está a sangrar as perdas e a outra a agarrar-se aos ganhos. Nunca sabemos muito bem como é que chegamos ao final do dia sem nos termos despenhado. Principalmente quando se sabe identificar os motivos de cada ferida. Vamos correndo e arrancam-nos pedaços de carne ao mesmo tempo que colocam outros. Parece que a vida já não se reconhece na generosidade de oferecer-nos nada sem ser como resposta à culpa de nos ter tirado forças. Vivemos em perda e, pior, esquecemo-nos de que um dia a morte tornará tudo definitivamente inviável.

sábado, outubro 24, 2009

Eu sei que a música e o vídeo já têm seis anos e eu devia colocar o "Last Dance", o single do novo álbum dos The Raveonettes. Mas adoro a música, adoro o som do início que parece um grito desenfreado. Além disso acho o "Last Dance" meio meh. Se o próximo single for o "Bang!", o "Boys Who Rape (Should be Destroyed)" ou o fabuloso "D.R.U.G.S." - três das músicas que tornam o "In and Out of Control" obrigatório - então prometo colocar aqui. De resto, o que eu gosto nesta banda é a mescla entre um lado dark e outro mais luminoso e o "That Great Love Song" tem isso tudo.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Olhei para o passado e vi as pessoas que nunca mais vão estar juntas para tirar uma fotografia, e vi as pessoas que nunca mais vão estar reunidas para ter uma conversa. Olhei para o passado, e ninguém vai se importar se há coisas que vão continuar a ter significado para mim.
De onde é que veio a matéria? Essa é a única questão que vale a pena pôr à Igreja. Bem mais interessante do ponto de vista filosófico do que um simples registo anti-bíblico... Mas isso sou eu. Somos matéria, tudo o que há em nós está constantemente a ser reciclado e substituído ao longo da vida. Desse ponto de vista somos a cópia de nós próprios, continuamente, em velocidades diferentes consoante a molécula em que nos focamos. Se houvesse uma máquina capaz de reproduzir a nossa estrutura molecular até ao mais ínfimo pormenor, de um ponto de vista puramente físico seria, à partida, capaz de criar um duplo. Se eu visse um duplo meu acho que o abraçava, espero que se ele me visse, fizesse o mesmo.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Spoon para arrancar com a semana


"And I got nothing to lose but
Darkness and shadows
Got nothing to lose but
Emptiness and hang-ups"*

* "Got nuffin"

domingo, outubro 18, 2009

Era uma Time Machine que eu queria. Daquelas em formato pod, brancas, bem kubrickianas que funcionasse à base de um botão vermelho e um pensamento-desejo. Saltava para uma praia deserta dos 50's com o mesmo gosto que tenho andado a ouvir The Drums, The Raveonettes ou Washed Out. A culpa é deles, das suas sonoridades laid back, das minhas obsessõezinhas e deste sol. Este sol!!! O que é que se faz com este sol? Só me vem à mente pranchas de surf, areia e o mar.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Dizia-te eu que não chorava há muito, há mais de um ano, há quase dois. E mesmo dessa vez foi um esforço, um arranque, como o riso que dei quando te contei isto. Ri-me por não chorar, nem gritar. Pela sombra que me tinge a face cinzenta e me afasta passo a passo de sentir.

Não me perguntes, sabes bem que eu já deveria estar de olhos fechados...

"Get busy living, or get busy dying"




segunda-feira, outubro 12, 2009

Deu-me para isto

Devia citar o vídeo, que segundo a Pitchfork é do Chase Heavener. Mas o que me interessa é a música: "Feel it all around" de Washed Out, que é Ernest Greene. "Hypnagogic pop", reminiscências dos anos de 1980, I don't know. Com o calor que está lá fora, sabe estranhamente bem. Eu, que não me via a ouvir synth pop, estou rendido, mesmo que isto seja febre passageira e que nunca mais se vá falar sobre o senhor.

Transparências

Há um mundo de janelas no meu quarto, feito por todos os focos de luz eléctrica que atravessam os vidros da portada e reflectem na parede. Às 4h da manhã, sentado à frente do computador, com a luz apagada, a criatividade extingue-se na dor que tenho na perna direita, no zumbido dos ouvidos, na repetida mistificação do amanhã. O meu raciocínio fica retido na constatação de um estranho paradoxo que envolve espaços fechados. Atravessam-se num instante quando estão sem ninguém, apesar de parecerem amplos e enormes. Quando estão cheios de gente tornam-se minúsculos, mas leva-se uma imensidão de tempo a chegar ao outro lado. Ao mesmo tempo, a solidão fica inalterada à medida que o nosso campo de visão vai se enchendo de pessoas a dançarem, beberem e a trocarem olhares de diferentes amplitudes no espectro das emoções. Minto, a solidão aumenta sempre que somos alvo da atenção e os olhos de alguém pousam em nós durante segundos, enquanto fazem um julgamento clínico para concluir se cumprimos os seus interesses. Normalmente, acabamos por ser um vidro, um espelho, um filtro, e os olhares são desviados, duplicados ou reflectidos em terceiros, ou neles próprios. Servimos de adorno que modela ideias e escapa-lhes que somos substância. Tornamo-nos tão etéreos como o fumo que sai dos cigarros e ajuda a moldar focos de luz já gastos, que reflectem numa bola de espelhos, que acabam esquecidos nas paredes de uma discoteca.

quinta-feira, outubro 08, 2009

"Sinto-me uma fraude." - dizia ela. Eu ri-me em triplicado. Por também sentir o mesmo, por tê-la em tão boa consideração, por ela, ao dizer-me aquilo, aumentar a consideração que tenho pelo seu trabalho. Calculo que seja uma boa rede superior - esta da "fraude", não nos deixa subir de mais, ir até às estrelas e esquecermo-nos do resto. Dar-nos demasiada importância. Apesar desta nuvem cinzenta constante ser outra forma de nos darmos importância a mais. Vou tentar adoptar outro espírito, que nada tem de intermédio, mas que ataca o cerne do problema: "Sou só mais um."

quarta-feira, outubro 07, 2009

New band in town

Para quem ainda não reparou, os "The Drums" ouvem-se com a mesma vontade com que se apanham os últimos raios do sol do Verão. Principalmente quando o Outono já se instalou.

terça-feira, outubro 06, 2009


A fotografia é má. A carga perde-se, faltam pormenores. Lisboa é monumento e tensão. Aperta com as nuvens, quando se torna cinzenta. O céu aproxima-se do nosso suor. A humidade contrai os pulmões que só exalam nos espaço abertos, nas panorâmicas. Quando o nosso olhar se extingue em todas as bifurcações para ganhar novo folgo num horizonte amplo, celebrado pelo perfil da construção antiga. Lisboa é bela e esta fotografia é má.
Viver com a perda numa cidade cinzenta. Talvez chorar. Talvez deixá-la morar dentro de nós e florescer em feridas que saram com a ajuda de raios de sol fugidios. Abandonar as crostas, transformá-las em rugas que servem as emoções. Que nos tornam mais belos na tristeza e mais vivos quando nos rimos. Abandonar dois terços da juventude sem olhar para trás e recuperar a que nos resta nos passos solitários que damos, nos momentos em que só a cidade sabe de nós.

domingo, outubro 04, 2009

Quando saí do Incógnito e entrei no domingo, levava comigo o "The Lucky One" das Au Revoir Simone. Antes tinha sido o "Sunday Morning" dos Velvet Underground e o "White Rabbit" da Jefferson Airplane. Subi o Combro sozinho, entre o nevoeiro e as vozes afastadas, a pensar que esta noite já ninguém me tirava.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Hoje teclo ao som dos Broken Social Scene para deixar aflorar em mim o tempo outonal. Não tanto pela perda ou nostalgia, mais pela reclusão através do meio sorriso. Não é uma rejeição da alegria, é só um resguardo de um copo um terço cheio para deixar, calmamente, voltar a encher.

quinta-feira, setembro 24, 2009

O postigo

Fechou-se o postigo e abriu-se a porta? Procuro o alçapão, a clarabóia, uma parede em falta, o céu com estrelas. Quantos passos errados são necessários para me transformar num sem abrigo? Voltando ao postigo. Preciso de imaginação e vontade de sair da cama. Estou farto da tangencia. Procuro o toque, o contacto, o encontrão, a colisão. Quero o choque frontal para mandar a casa abaixo.

terça-feira, setembro 22, 2009

A manhã que fechou o Verão

Está-se bem na manhã de Lisboa com o céu azul imponente e a cidade a ouvir-se. As manhãs substituem a solidão de uma forma delicada, entre meandros de luz e de céu. Há mais violência nas trocas que se faz com a noite - parece que se perde sempre algo. Entretanto, há uma nova estação acabada de chegar recheada de oportunidades. O meu primeiro Outono em Lisboa. Fico à espera das folhas caídas, dos lugares cinzentos e húmidos, do frio. Ainda com saudades do que virá.

sábado, setembro 19, 2009

"And don't you know sometimes I could just kill for a good conversation"*

"Don't wanna be nobody's burden so you just hit the dance floor
(...)
Hey, am I making any sense at all?
Does anyone here speak English?
Cuz everybody's acting like I'm crazy
Hey, is this thing on?"*

* !!! "Hello? Is this thing on?"

quarta-feira, setembro 16, 2009

"But you, you just know, you just do"*

Faço eco no meio digital, quando o que me apetecia era ouvir vozes em analógico. Outras, muitas, como as estrelas no campo, porque na cidade só se descortinam uma ou duas nos céus, à noite. É tanto o ruído, que só consigo prestar atenção a algumas vozes e muitas vezes é só a minha, de que estou particularmente farto. Talvez seja por isso que fale para aqui...

Agora calo-me e deixo os significados para os The XX. Eles sabem mais, são analógicos há muito tempo.

"When I find myself by the sea, in anothers company by the sea
When I go out the pier, gonna die and have no fear
Because you, you just know, you just do"*

* Vcr

segunda-feira, setembro 14, 2009

Gosto sempre de caminhar pelos corredores da fnac com um saco de plástico na mão cheio de fruta.

É como entrar numa loja de roupa a comer um gelado.

clash!

quinta-feira, setembro 10, 2009

"I've seen things you people wouldn't believe"*


in loop, até adormecer.


* "Blade Runner"

segunda-feira, setembro 07, 2009

"Keys to the City"

Porque raio é que eu nunca tive oportunidade de dançar esta música dos The Go! Team numa pista de dança!? Hem!?

"Um dia ... Corto"


Nunca o fez. Acho que lhe bastava saber que se quisesse... E enlouqueceria de vez por ficar sem ninguém que lhe chamasse Ras.

Entre parêntesis e antíteses. Em reverência a algumas das mais bem passadas horas da última década

"I pray you'll be filled with hope for as long as you possibly can." *

Esta irrecusável sensação de ser cada vez mais difícil ser-se arrebatado. Pelas coisas, pelas experiências. É solitário sentir quando se sente sozinho. Há com certeza uma quota para isso e eu ultrapassei-a, algures, durante a última década... Cansei-me de sentir para nada e desisti. Passei a olhar para o chão e a tremer na pista de dança quando ouço as primeiras frases do "Mistaken for Strangers" - "You don’t mind seeing yourself in a picture as long as you look faraway, as long as you look removed." Sei o que se segue, conheço demasiado bem as luzes prateadas da cidade de que os The National falam.

"I pray you'll be filled with hope for as long as you possibly can." *


* SFU - "Everybody is Waiting"

sábado, setembro 05, 2009

Ontem, os cromos voltaram todos ao Incógnito. Eu sou o número 56.

No fundo isto é tudo fome, sapatos gastos, tempo a mais

"Parece que chegámos." Parece que sim. Parece que chegámos, mas nunca sei muito bem onde, nem porquê. Principalmente, parece que chegámos com a mesma vontade recorrente de ter de partir. Como uma locomotiva, um comboio.

Estações.

Parece que chegámos mas o que me martela na cabeça é o: "Explicas-me como foi?" Como chegámos até aqui? Andei cego uma vida inteira e não faço ideia de como vim parar aonde estou hoje. Chegámos e é insignificante, como é insignificante partir quando tudo é pequeno, vazio, imediato. Quando não preenche. Ou preenche mas não percebemos o significado. Ou compreendemos o significado mas é tarde de mais. Sou tão novo e tão velho para ser tão novo.

Os olhos das pessoas trazem-me compaixão. Isso é muito pouco...

sexta-feira, agosto 28, 2009



Já abordei o Eternal Sunshine of the Spotless Mind aqui. Se pudesse, colava esta cena à minha pele e revivia-a centenas de vezes. Servia-me dela como um elemento, como nos servimos do sol, do vento, de uma vista para a cidade ou do mar. Um objecto de contemplação que nos protege...
A cena fica guardada aqui no 5 Years. Já a música cantada pelo Beck, vou pô-la no bolso, formato mp3.

Fórum

Rasgaram-me dos ossos um telescópio e observaram o céu, cortaram-me o pescoço e beberam sangue. Surgem-me da derme palavras, correm-me frases do peito até às costas. Vivo como pedra para ser espaço. Sou bancada, púlpito, palco. Existo em texto, mastigam-me em temas, engolem-me em discussões. O meu corpo tornou-se praça para reuniões, consensos, votos, odes. Fui política, ciência, cultura, filosofia, história. Passo de matéria a informação, infiltra-se-me saber, sustenta-me conhecimento em vez de carne. Sou fórum dia e noite, veículo de ideias, lugar dos outros. Convirjo estrelas, enquadro galáxias, incorporo universos.

sábado, agosto 22, 2009

Morro de tempo. Gasto-o porque não me sirvo dele. Não preciso de ter mais vidas para ler todos os livros, visitar todos os países, experimentar todas as profissões. Desprezo quem se preocupa com estes disparates. Quero morrer mirrado aos 70, perder horas a olhar para o futebol, ver televisão, dormir. Quero dormir cinco vezes por dia, comer e fazer palavras cruzadas o resto do tempo. Aposto no desinteresse, no conformismo, em encolher os ombros, ranger os dentes, fungar e repetir-me. Contar sempre a mesma história, só com entoações diferentes para servir a moral do momento. Ver os malucos do riso e dar gargalhadas pequenas, em convulsões. Baixar a mediania quando falo e ainda opinar soluções para qualquer problema. Olhar para as preocupações dos outros com superioridade, ser chico esperto. Morrer com diabetes, ser enterrado num cemitério tétrico com direito a extrema-unção, campa cinzenta e duas datas. Ser esquecido um segundo depois das pessoas saírem do cemitério. Nunca pecar.

sábado, agosto 15, 2009

"I know that you want the candy" ou música para um sábado de Agosto

Dei de caras com a "Canção do Engate" na minha biblioteca musical. Pela primeira vez li a letra com atenção. Gosto do cariz poético e lúcido com que António Variações olha para o acto. Uma certa antítese do próprio título da canção, o que sugere um grau de desconstrução e gozo do autor.

Entretanto, saquei o novo álbum dos Japandroids ao mesmo tempo que ouvia o "Hospice" dos The Antlers. Arcade Fire meets Bon Iver? Gosto.

Como o Verão não acabou, só as minhas férias, seguem-se os The Raveonettes: "Hallucinations", "Lust", "Dead Song" e, claro, "You want the candy".


"In spite of saddened days
I hooked myself on you
But all my troubled ways
Still walked with me boo hoo"

A banda sonora para banhar-me na estação com os olhos fechados.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Parece que o dono da Tabacaria atravessou a porta num momento qualquer, uma segunda vez, a tempo de ver o Esteves a esclarecer o universo a Campos. Bastou uma troca de olhares e um "adeus", zero de metafísica.
"O dono da Tabacaria sorriu."

terça-feira, agosto 11, 2009

Tenho uma dificuldade atroz em decorar caras.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Lisboa pagã

Lisboa ofereceu-se-me como divindade pagã. Eu aceitei-a há muito. Levo-a no meu olhar, no reflexo oblíquo das estátuas, na introversão dos miradouros, na tijoleira recostada, nas calçadas eternas. Contemplo-a e rezo-a e bebo-a todos os dias. Entrego-me aos seus caprichos sempre que me obriga a contornar uma praça, a parar num semáforo, a desviar-me de gente. Vivo-a como um peão que espera ser surpreendido nas situações, nos reencontros, na amargura, nos primeiros olhares. Sujeito-me aos cuidados das ruas, aos empurrões, rasteiras, sentidos proibidos, vinganças. Não me importo. Alimenta-me a luz infinita que traça todos os momentos, que é metade da cidade, que é metade Lisboa. Foi sob essa luz que me foi oferecido pela primeira vez a tua cara, a arquitectura dos teus traços, o teu sorriso, os teus gestos. Lisboa desvendou-me a tua existência e eu hesitei. Inspirei e deixei-te ir. Deambulo agora pelos passeios, sento-me nos cafés, olho para as pessoas com uma nova esperança. Carrego-a junto com outras vontades, sonhos, desejos que trago comigo. Espero reencontrar-te nas ruas de Lisboa.

Uptown Uptown Uptown

"sometimes you wonder what you're doing with your life
just work/consume/just work/consume'till you die
sometimes it feels the only time you're alive
is when you go out on a saturday night"

E o Incógnito que nunca mais abre...

"and it's so hard
and it's so hard
and it's so hard
to get by in this town
and it's so hard
and it's so hard
and it's so hard
to survive in this town" *

E eu que não me canso desta música...

*"Uptown" dos Primal Scream, versão Calvin Harris
Na estação do Metro do Cais-do-Sodré, é o coelho que me põe a sorrir. O tamanho, o relógio, o “o” que falta na frase “estou atrasad(o)”. Gostava que ele olhasse para mim, levantasse a mão num aceno e desatasse a correr, libertando-se dos azulejos.

Um coelho de contornos azuis, gigante, em velocidade pelos túneis do Metro de Lisboa.

Um coelho, de perna traçada, sentado num banco da estação do Saldanha, olha para o relógio, suspira, desvia os olhos para a linha e pondera: “Espero pelo metro ou arranco corredor abaixo em direcção ao Marquês?”

sexta-feira, agosto 07, 2009

. as minhas palavras são ocas . cansam-me .

. uno-as da forma menos interessante . desmereço usá-las .

. calam-me . calem-nas .

quarta-feira, agosto 05, 2009

Abortei-me

Dancei demasiado tempo contigo. Tropecei sempre nos mesmos passos sem querer compreendê-los. Esqueci-me de como se aprendia até que te perdi. Perdi-te. Fartaste-te, gritaste, berraste tanto. Não pelo desespero ou pela cura, mas para que os teus pulmões pudessem voltar a respirar.

Perdi-te e sufoco com a perda. Sufoco pela perda ser merecida, ser passiva, ser cuspo, ser saliva. Transparente, densa, carregada como um forno, opressiva, imobilizadora.

Dancei demasiado tempo contigo. Não aprendi. Perdi-te e recomeçar é tão impensável como ficar sem ti. Recomeçar é tão doloroso como o grito que te saiu da boca. Recomeçar é perder a perda e abandonar o que me resta de ti.

Dancei durante tanto tempo contigo. Gastei todos os gestos. Gastei todos os erros. Tornei-me inviável com a tua ausência. Abortei-me.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Segunda-feira sem chuva

Summer on. Summer off. Summer on and off, again.

Agosto mal começou e já traz festas dadas, portas fechadas e finais sem direito a início. A estação é só uma, não estou louco, é só a passagem interna do calendário. Do sol tórrido ao lado da aragem gélida que sopra por baixo da sombra da árvore. Como se quatro estações num só dia fosse outra forma de envelhecer.

E hoje já é segunda-feira. O fim-de-semana acabou.

quarta-feira, julho 29, 2009

Exercício

Pediram-me para ser claro. Estava para iniciar o texto assim: "hirto, tenso, rijo", ou qualquer coisa do género... Mas apontaram-me o excesso de símbolos. Juro que iria continuar nesta entoação do "rijo, hirto" ou "tenso". Ia prolongar-me, desafiando todos os sinónimos do estado sólido. Mais do que o estado de estar sólido, a incapacidade de quebrar a tensão, de me libertar. É o que me falta, a verdadeira distensão, a interior. Não quero ser mole, não quero deixar-me ir nas situações ou mergulhar em erros. Mas diz-se que não há nada de mal em arriscar, em piscar o olho, em desafiar. Em viver. E falta-me, juro, falta-me. Só sei dividir-me em dois, na clausura de uma concha ou na frontalidade dos olhos transparentes. Quando o resto do mundo flui, o resto do mundo dança. Logo eu que gosto tanto de dançar... Danço desmesuradamente, não me sinto nem rijo, nem hirto, nem tenso. Fluo com transparência. Sólido e claro.

segunda-feira, julho 27, 2009

Se como Wilde diz, toda a gente que desaparece acaba por ser vista em São Francisco, então fica aqui a promessa de um dia evaporar-me.

segunda-feira, julho 20, 2009

Se alguma vez estive perto de saber realmente o que é música indie, então os responsáveis são os "The Pains of Being Pure at Heart". São eles que estão a ganhar o meu Verão, são eles que preenchem os espaços entre as memórias.

quinta-feira, julho 09, 2009

de vez em quando escolhe-se a lâmina. de vez em quando muda-se e é a lâmina que aparece. sabemos que fere. sabemos do ardor, do sofrimento, do sangue. sentimos a escolha e isso alimenta-nos com vida.

domingo, julho 05, 2009

e as noites são para dançar

"we don't wanna wait no time no time" dizem os CHEW LiPS. acertam. não queremos perder tempo. queremos tudo rápido, instantâneo, agora. simples, via usb, banda-larga ou bluetooth, de borla. sem pagamento, sem responsabilidades, sem dívidas, sem riscos, sem trade-off. no amor, na amizade, no direito, no trabalho, no país. com um sorriso, hifenizado, sem custo. já.

e as noites são para dançar
"Thank u 4 a funky time call me up whenever u want 2 grind"

sábado, julho 04, 2009

quarta-feira, julho 01, 2009

Prendi todas as minhas acções. "Liberta-te", dizem-me. Eu respondo que prefiro não me trair...

terça-feira, junho 30, 2009

Spread the love vibration, Josh

Foi este Inverno, no Festival para gente Sentada, em Santa Maria da Feira. Estava lá o Josh Rouse. Tenho saudades de o ver. Quem vai ver o Josh tem garantido um concerto quente, íntimo, sensual. Hoje pus a tocar o ep que ele tem com a Paz Suay "She's spanish, I'm american" e já vou no "1972" - o álbum dele de 2003.

Continuo a ouvi-lo, com uma vontade cada vez maior de ir deitar-me na cama e pôr-me a olhar para o tecto... Spread the love vibration, Josh.

"I'm waiting for the man"

"Im feeling good, Im feeling oh so fine
Until tomorrow, but thats just some other time"

Ah, os Velvet...
Vou raspar-me até ficar liso, sem atrito, macio. Vou raspar-me até o vento deixar de me sentir. Um monólito que não interfere. Uno, pele, nulo. Vou confundir-me com ar. Um ser-conforto. Invisível.

segunda-feira, junho 29, 2009

The wind and the will to meet strangers.
Dia de folga. Sentado na minha cama de Lisboa, no meu quarto de prédios, de ruas. Na cidade nublada. A alimentar-me de vontades.

domingo, junho 21, 2009

Diz-se que todos merecemos ser amados sem decoro. Com as vísceras.

sexta-feira, junho 19, 2009

Está assumido. Tenho um quarto IKEA.

"Que morra tudo menos os livros."


terça-feira, junho 16, 2009

a capa

a capa enrijece ao longo dos anos. mesmo que densos. mesmo quando vamos dando um ou dois sinais de profundidade absurda, de angústia romântica, de dor pela vida - que nos faz cair lágrimas dos olhos quando vivemos momentos de beleza absoluta. a capa torna-se rija: não deixa entrar nada, tão pouco deixa sair. perdemo-nos pelos objectos, vivemos a lua, o sol, o mar, uma música, um livro. De vez em quando somos vistos, outras vezes, ainda mais raras, mostramo-nos. no íntimo sentimos que ninguém nos conhece. envelhecemos, com mais ou menos sofisticação, com maior ou menor embaraço, e a capa - lustrosa, suja ou amarrotada - torna-se cada vez mais difícil de tirar.

segunda-feira, junho 15, 2009

no more

no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever. no more wondering. let's work without imagination. no more restlessness. let's work forever.

quarta-feira, junho 03, 2009

É impressionante como nos dias que correm já nem sequer consigo mandar o barro à parede virtual...

terça-feira, junho 02, 2009

someday

e depois do arco-íris dizem que vem o sonho. a esperança. depois do arco-íris ou de um punho fechado. ou de um sorriso. para lá. o ignóbil esforço. luta. força. há o descanso, a calma, a felicidade. "somewhere..."

ainda não percebi porque é que gostei tanto do "Milk". para além de tudo o que possa ser óbvio... há qualquer coisa de onírico - brr, nem devia usar esta palavra, de tão mal que a compreendo - estava a dizer que há qualquer coisa de onírico no "Milk" como existe no Corto Maltese, ou em muitos outros objectos em que me perco devido ao fascínio.

é o material dos sonhos.

espera-me pelo menos mais uma dezena de visionamentos, se calhar 30 (e mais cinco anos), antes de voltar a este assunto. algum dia...

Despedida

Conta-me. Quem era aquela pessoa?

Porque se vai embora? O que construiu aqui?

Porque me deu a honra de se despedir de mim?

Conta-me. Quem eram aqueles olhos, por que lentes viam a realidade?

Conta-me tu, que tens a memória, que tens as palavras, que estiveste cá. Conta-me, com as pausas e os tempos perdidos que forem necessários.

Eu espero. Eu sou novo.

Quem era ele? Porque não celebrámos...?

segunda-feira, maio 25, 2009

Há muito tempo lia-se numa parede: "Beba tudo contra a loucura das multidões." Perto, talvez numa porta, (já não sei...) estava escrito "oh no, not me, I never lost control" nah nah nah "the man who sold the world". Havia também um golfinho nesse sótão (cá está uma palavra com dois acentos), havia sol, o cheiro a calor nas longas tardes de Verão, o cheiro quente da madeira, as clarabóias. Os sonhos.

Sinto-me inquieto.

sábado, maio 16, 2009

Uma pena de pombo entrou no meu quarto pela janela. Está caída no chão. Não sei o que hei-de fazer com ela...

"choose to choose"

Opto sempre pela lucidez. Está-me no sangue. Entro e saio sóbrio da noite. Tenho sempre presente os meus actos, nunca me afasto dos meus demónios e isto está muito longe de ser um bilhete para a felicidade. Mas não invejo - isso ninguém me tira.

sexta-feira, maio 15, 2009

Dou graças ao mundo esquizofrénico das 3h30 da manhã, com o cheiro do tabaco da discoteca nos ombros nús e a música do Bon Iver de um myspace desconhecido que me abre o apetite para o imaginário de outro myspace.

Lambo o mundo tecnológico, que me bate à porta entre a realidade, a imaginação e o desejo.

Dou graças ao desejo.

segunda-feira, maio 11, 2009

não sei conhecer, tão pouco amar. qualquer dia perco as palavras e o significado delas. qualquer dia foge-me o resto da coragem que tenho e fica só o medo.

sonhei ontem com o mais especial dos beijos, o inevitável. seja porque circunstância for.

o sono apodera-se de mim. apetece-me dormir.

quarta-feira, maio 06, 2009

Vamos ver se não nos despenhamos, hem!?

ãh ãh, I like it...

"people's rules and what they do are often different things" - Glass Candy - "Beatific"

terça-feira, maio 05, 2009

O mundo foi feito para as longas tardes de Maio, ou pelo menos o Hemisfério Norte. Tenho que ir visitar o Novembro do Sul.

terça-feira, abril 28, 2009

deixei de ler, abandonei as páginas, fiquei a meio de livros, fugi. assustei-me e fugi. passei a conseguir unicamente absorver imagens - cores, movimentos, silhuetas. sustentei-me com formas e deixei de falar. da boca sai-me volumes, agora. densidades com tons, complexas. uma cadeira, por exemplo. brotam-me formas. nem sequer ideias, isso seria bom demais. objectos. formo objectos com as minhas cordas vocais, com a minha garganta. engulo ao contrário. temo que um dia saiam-me quadros da boca, já desenhados, ou mesmo esculturas. tenho medo de olhar para eles e ficar cego, de vez, sem esperança. vejo-me ao fundo, rosa. uma massa com pele que só sente, esquecido de reagir, incapaz de dar. implodido.

quinta-feira, abril 23, 2009

On the verge

Qual é o teu nome, música favoríta, cor?

olhar para o céu sem perder a oportunidade de ver chover sonhos

make a wish...

segunda-feira, abril 20, 2009

De repente

ou subitamente. A memória...

"My son, Sebastian and I constructed our days. Each day we would carve each day like a piece of sculpture, leaving behind us a trail of days like a gallery of sculpture until suddenly, last summer."



A beleza que enforca.

De repente. Subitamente.


Construíamos os nossos dias. digeríamos as pessoas.

my son, Sebastian and I. a nossa beleza - fulgurante, permanente.


until... sud...n..ly. o Verão. a memória que enforca. o horror.

"diz-me qualquer coisa profunda"

"parte-me a imaginação em dois"

"eu dou-te uma parte e tu mastigas durante um espaço de tempo considerável e regurgitas"

"eu integro-a outra vez ou vezes sem conta"

"até ter certeza de conseguir ouvir o que tens para me dizer"

domingo, abril 19, 2009

Falta-me a oportunidade de partilhar.

segunda-feira, abril 06, 2009

Chegar tarde do trabalho, dois dedos de conversa, jantar, mais dois dedos de conversa. Passar roupa a ferro, lavar casas-de-banho.

Banda sonora: Lhasa - "Going in".

"Don't you tempt me with perfection
I have other things to do"

domingo, abril 05, 2009

Gostava de ser o sangue dos outros, cair de feridas e infiltrar-me na terra. Espalhar-me entre mil. Finalmente livrar-me da culpa de ser um.

sexta-feira, abril 03, 2009

Significados

Tem-me vindo à cabeça, nos últimos tempos, repetidamente, a expressão "competência para amar". E os "Clã", também, por associação...
Vi o homem estacar, sentar-se, tirar uma agulha da mão e empalidecer. Durante duas horas ficou quieto naquele banco do jardim, a olhar para o infinito. De dez em dez minutos gritava: "Esqueci-me de como se ama!". Parecia que o grito era a resposta explicativa que o infinito lhe devolvia. Logo a seguir fazia um gesto com o braço, calava-se de imediato e parecia entrar outra vez num torpor. Dez minutos passados e novo grito: lancinante, horrível.
Soube, dias depois, que ficou ali durante duas horas. No mês seguinte não se falou de outra coisa, dizia-se que tinha sido vítima de uma doença do sistema nervoso que afectou certas zonas do cérebro. Lembro-me de aguentar dois gritos e ao terceiro fugir do jardim com medo de enlouquecer. Fui dos últimos a abandonar o local e ninguém ouviu o homem a gritar pela última vez.
Quando lá chegaram, horas depois, já estava colado ao chão. A morte tinha sido causada por uma paragem cardíaca, o corpo estava normal excepto dois pormenores: a cara parecia toldada pelo pânico e no braço direito doze furos com sangue seco recente apagavam a tatuagem do perfil de uma mulher.

domingo, março 29, 2009

"It's Blitz!"

O "Zero", o novo single dos Yeah Yeah Yeahs, está ao nível do melhor da banda. Mas logo a seguir vem o "Heads Will Roll" e fico sem qualquer dúvida do que quero ouvir nas pistas de dança.

"Off with your head
Dance until you're dead
Heads will roll
Heads will roll
Heads will roll
Heads will roll
On the floor"

Os três meninos fizeram um álbum a não perder e eu já os via em palco outra vez. "You're all chrome"

sábado, março 21, 2009

Back!

São 1h15. Saio de casa e em 20 minutos estou no Incógnito (há trânsito...). Viver em Lisboa tem tanta pinta!

domingo, janeiro 25, 2009

Os meus olhos

Os meus olhos castanho-esverdeados ficam mortos pelo silêncio. Hoje não consigo ver-me através deles no espelho. Os meus olhos castanho-esverdeados que um dia vão desaparecer. E eu deixarei de compactuar com o sofrimento do mundo.

sábado, janeiro 17, 2009

Vida em trânsito

Há uma montanha de roupa em cima da cadeira do meu quarto e muita tralha por cima da secretária. Ontem compreendi finalmente que não vou conseguir arrumar tudo o que deveria ser arrumado, quando tocar na confusão vai ser para empacotar. O que está próximo. As mudanças - ch ch ch changes - estão aí. Vou empacotar-me para outro lado sem muitas dificuldades ou saudades, porque nunca tive jeito para saudades quando tenho a certeza que quero saltar para a frente, pelo menos saudades das situações. Quanto às pessoas, costumo saber quem quero e posso reter na minha vida, e essas não deixo fugir...
Mas há o Tejo e a viagem de comboio diária para Lisboa, que já me acompanha há mais de oito anos (com uma pequena interrupção), e ainda não sei muito bem o que fazer quanto a isso. Entro em Oeiras e saio no Cais do Sodré sempre com o Tejo a planar à minha esquerda - uma visão linda que embrulha uma mensagem de constância. Nos dias de sol o rio é de um azul esverdeado brilhante, nos dias de temporal é de um verde-escuro. Já o vi ser atravessado por nevoeiro, onde só se vê as pontas da Ponte 25 de Abril. Os melhores dias são quando há nuvens a várias altitudes intercaladas com o sol, que reflectem sombras e luz nas águas do rio e a janela do comboio passa a ser um ecrã de cinema onde há tantos pormenores para se reter, que uma viagem de dezassete minutos é demasiado pequena. O Tejo torna-me incansável, nunca me desilude.
Voltando atrás, não sei como ficar sem este momento diário. Parte de mim sabe que, felizmente, o Tejo continua e vai ser meu a partir de outro ângulo. Outra parte já começa a formular a frase "no tempo em que eu andava diariamente de comboio..." e dá uma pincelada azul à memória emocional que vou construindo desta década. Acima de tudo, acho que me contento com a dor da perda - torna o passado mais real e dá maior sentido ao futuro.

domingo, janeiro 11, 2009

Mission Accomplished

Quatro anos depois, o Closer causa-me quatro vezes mais incómodo do que quando o vi pela primeira vez.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Não gosto de tatuagens. Já chega a vida para nos fazer marcas...

O Bowie, sempre actual...


So where's the moral?


when people have their fingers broken
To be insulted by these fascists !!!

...it's so degrading...



And it's no game




"It's no game part 1" - David Bowie. Estávamos em 1980. Aventurem-se...

domingo, janeiro 04, 2009

Tornar a vida mais simples

Vou deitar-me calçado e com a roupa que tenho para ser mais fácil acordar.

sábado, janeiro 03, 2009

Falta de conteúdo

Apetecia-me um café sala de estar. Apetecia-me falar com quem lá entrasse e ser puxado para continuar a conversa rua fora. Apetecia-me ouvir coisas que nunca tinha pensado. Apetecia-me olhar para olhos com a estranheza com que olho para estrelas. Apetecia-me ter algo para dizer.



* Prometo não entrar numa temporada naive. Foi só desta vez.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

2009 já arrancou! Está fresquinho e é para ser bem aproveitado... Venham dias novos.

Bom ano! :)

"Arm and arm we are the harmless sociopaths"*

*Aqui pelo 5 years o Andrew Bird já assobia com o seu mais recente "Oh No".