terça-feira, junho 16, 2009

a capa

a capa enrijece ao longo dos anos. mesmo que densos. mesmo quando vamos dando um ou dois sinais de profundidade absurda, de angústia romântica, de dor pela vida - que nos faz cair lágrimas dos olhos quando vivemos momentos de beleza absoluta. a capa torna-se rija: não deixa entrar nada, tão pouco deixa sair. perdemo-nos pelos objectos, vivemos a lua, o sol, o mar, uma música, um livro. De vez em quando somos vistos, outras vezes, ainda mais raras, mostramo-nos. no íntimo sentimos que ninguém nos conhece. envelhecemos, com mais ou menos sofisticação, com maior ou menor embaraço, e a capa - lustrosa, suja ou amarrotada - torna-se cada vez mais difícil de tirar.

3 comentários:

su disse...

E a capa torna-se a nossa derme de eleição. Talvez por medo, receio, hábito chega a confundir-se com esta pele que nos abriga, defende e formata...

:) Posso citar o teu texto, no meu blog? É tão realista...
As devidas referencias de pé de página, serão efectuadas!

p.s. Como gostaríamos que a capa fosse apenas um sinónimo de Super Homem!

Randomsailor disse...

Claro su, cita à vontade... :)

su disse...

Já citei, com a devida alusão ao autor! :)
Thamks