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sábado, outubro 29, 2011
Rádio Amália
Saí da noite e entrei no táxi. De fora deixei o fumo do tabaco e as luzes interiores e sentei-me na Lisboa já amanhecida. A Lisboa do fado na rua e do Tejo azul, da feira da ladra e do movimento de sábado. Entrei sozinho na manhã com a mesma certeza com que entrara sozinho na noite. Com a premonição do tempo. Contínuo, imparável. E atravessei a cidade ainda escura imerso no devir. Em direcção a casa. Adiantado. Fui acompanhado pelo suceder de vozes, pela guitarra portuguesa. Ainda de noite na manhã da rádio Amália.
segunda-feira, novembro 02, 2009
Cais das colunas
O abrasador sol do meio-dia serve-se do nevoeiro para confundir as estações. Sentado nos degraus que se afundam na água turva, o meu corpo está indeciso se escolhe o calor ou o frio. À minha frente, duas gaivotas dão vida a um portal que encanta o Tejo. As aves consentem o vislumbre dos cacilheiros que fogem rio adentro, escoltados pelo nevoeiro, em direcção a um sonho. Parecem ter um lugar cativo, empoleiradas no topo das duas colunas. Uma está virada para a terra, para mim, os olhos da outra dirigem-se para a água infinita que se transforma em limalha de nuvem. Sigo-a no olhar em direcção ao sonho que me aquece e me arrefece, que me tira casa e acrescenta-me vida.
terça-feira, outubro 06, 2009
A fotografia é má. A carga perde-se, faltam pormenores. Lisboa é monumento e tensão. Aperta com as nuvens, quando se torna cinzenta. O céu aproxima-se do nosso suor. A humidade contrai os pulmões que só exalam nos espaço abertos, nas panorâmicas. Quando o nosso olhar se extingue em todas as bifurcações para ganhar novo folgo num horizonte amplo, celebrado pelo perfil da construção antiga. Lisboa é bela e esta fotografia é má.
domingo, outubro 04, 2009
Quando saí do Incógnito e entrei no domingo, levava comigo o "The Lucky One" das Au Revoir Simone. Antes tinha sido o "Sunday Morning" dos Velvet Underground e o "White Rabbit" da Jefferson Airplane. Subi o Combro sozinho, entre o nevoeiro e as vozes afastadas, a pensar que esta noite já ninguém me tirava.
terça-feira, setembro 22, 2009
A manhã que fechou o Verão
Está-se bem na manhã de Lisboa com o céu azul imponente e a cidade a ouvir-se. As manhãs substituem a solidão de uma forma delicada, entre meandros de luz e de céu. Há mais violência nas trocas que se faz com a noite - parece que se perde sempre algo. Entretanto, há uma nova estação acabada de chegar recheada de oportunidades. O meu primeiro Outono em Lisboa. Fico à espera das folhas caídas, dos lugares cinzentos e húmidos, do frio. Ainda com saudades do que virá.
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quarta-feira, agosto 12, 2009
segunda-feira, agosto 10, 2009
Lisboa pagã
Lisboa ofereceu-se-me como divindade pagã. Eu aceitei-a há muito. Levo-a no meu olhar, no reflexo oblíquo das estátuas, na introversão dos miradouros, na tijoleira recostada, nas calçadas eternas. Contemplo-a e rezo-a e bebo-a todos os dias. Entrego-me aos seus caprichos sempre que me obriga a contornar uma praça, a parar num semáforo, a desviar-me de gente. Vivo-a como um peão que espera ser surpreendido nas situações, nos reencontros, na amargura, nos primeiros olhares. Sujeito-me aos cuidados das ruas, aos empurrões, rasteiras, sentidos proibidos, vinganças. Não me importo. Alimenta-me a luz infinita que traça todos os momentos, que é metade da cidade, que é metade Lisboa. Foi sob essa luz que me foi oferecido pela primeira vez a tua cara, a arquitectura dos teus traços, o teu sorriso, os teus gestos. Lisboa desvendou-me a tua existência e eu hesitei. Inspirei e deixei-te ir. Deambulo agora pelos passeios, sento-me nos cafés, olho para as pessoas com uma nova esperança. Carrego-a junto com outras vontades, sonhos, desejos que trago comigo. Espero reencontrar-te nas ruas de Lisboa.
Na estação do Metro do Cais-do-Sodré, é o coelho que me põe a sorrir. O tamanho, o relógio, o “o” que falta na frase “estou atrasad(o)”. Gostava que ele olhasse para mim, levantasse a mão num aceno e desatasse a correr, libertando-se dos azulejos.
Um coelho de contornos azuis, gigante, em velocidade pelos túneis do Metro de Lisboa.
Um coelho, de perna traçada, sentado num banco da estação do Saldanha, olha para o relógio, suspira, desvia os olhos para a linha e pondera: “Espero pelo metro ou arranco corredor abaixo em direcção ao Marquês?”
Um coelho de contornos azuis, gigante, em velocidade pelos túneis do Metro de Lisboa.
Um coelho, de perna traçada, sentado num banco da estação do Saldanha, olha para o relógio, suspira, desvia os olhos para a linha e pondera: “Espero pelo metro ou arranco corredor abaixo em direcção ao Marquês?”
segunda-feira, junho 29, 2009
Dia de folga. Sentado na minha cama de Lisboa, no meu quarto de prédios, de ruas. Na cidade nublada. A alimentar-me de vontades.
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sábado, março 21, 2009
Back!
São 1h15. Saio de casa e em 20 minutos estou no Incógnito (há trânsito...). Viver em Lisboa tem tanta pinta!
sábado, janeiro 17, 2009
Vida em trânsito
Há uma montanha de roupa em cima da cadeira do meu quarto e muita tralha por cima da secretária. Ontem compreendi finalmente que não vou conseguir arrumar tudo o que deveria ser arrumado, quando tocar na confusão vai ser para empacotar. O que está próximo. As mudanças - ch ch ch changes - estão aí. Vou empacotar-me para outro lado sem muitas dificuldades ou saudades, porque nunca tive jeito para saudades quando tenho a certeza que quero saltar para a frente, pelo menos saudades das situações. Quanto às pessoas, costumo saber quem quero e posso reter na minha vida, e essas não deixo fugir...
Mas há o Tejo e a viagem de comboio diária para Lisboa, que já me acompanha há mais de oito anos (com uma pequena interrupção), e ainda não sei muito bem o que fazer quanto a isso. Entro em Oeiras e saio no Cais do Sodré sempre com o Tejo a planar à minha esquerda - uma visão linda que embrulha uma mensagem de constância. Nos dias de sol o rio é de um azul esverdeado brilhante, nos dias de temporal é de um verde-escuro. Já o vi ser atravessado por nevoeiro, onde só se vê as pontas da Ponte 25 de Abril. Os melhores dias são quando há nuvens a várias altitudes intercaladas com o sol, que reflectem sombras e luz nas águas do rio e a janela do comboio passa a ser um ecrã de cinema onde há tantos pormenores para se reter, que uma viagem de dezassete minutos é demasiado pequena. O Tejo torna-me incansável, nunca me desilude.
Voltando atrás, não sei como ficar sem este momento diário. Parte de mim sabe que, felizmente, o Tejo continua e vai ser meu a partir de outro ângulo. Outra parte já começa a formular a frase "no tempo em que eu andava diariamente de comboio..." e dá uma pincelada azul à memória emocional que vou construindo desta década. Acima de tudo, acho que me contento com a dor da perda - torna o passado mais real e dá maior sentido ao futuro.
Mas há o Tejo e a viagem de comboio diária para Lisboa, que já me acompanha há mais de oito anos (com uma pequena interrupção), e ainda não sei muito bem o que fazer quanto a isso. Entro em Oeiras e saio no Cais do Sodré sempre com o Tejo a planar à minha esquerda - uma visão linda que embrulha uma mensagem de constância. Nos dias de sol o rio é de um azul esverdeado brilhante, nos dias de temporal é de um verde-escuro. Já o vi ser atravessado por nevoeiro, onde só se vê as pontas da Ponte 25 de Abril. Os melhores dias são quando há nuvens a várias altitudes intercaladas com o sol, que reflectem sombras e luz nas águas do rio e a janela do comboio passa a ser um ecrã de cinema onde há tantos pormenores para se reter, que uma viagem de dezassete minutos é demasiado pequena. O Tejo torna-me incansável, nunca me desilude.
Voltando atrás, não sei como ficar sem este momento diário. Parte de mim sabe que, felizmente, o Tejo continua e vai ser meu a partir de outro ângulo. Outra parte já começa a formular a frase "no tempo em que eu andava diariamente de comboio..." e dá uma pincelada azul à memória emocional que vou construindo desta década. Acima de tudo, acho que me contento com a dor da perda - torna o passado mais real e dá maior sentido ao futuro.
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quarta-feira, dezembro 24, 2008
Viajei protegido como se estivesse dentro de um couraçado e não de uma bagageira. Deitado, de lado, mais perto do que nunca da estrada e das curvas, mais perto do que nunca do chão. Fui, com a certeza de estar seguro por serem vocês que estavam à frente, a ditarem o rumo do caminho, a permitirem a mudança.
domingo, outubro 26, 2008
Quem dera fosse amanhã...
E já só penso, na "minha alegre casinha", que modesta ou não vai estar preparada para histórias novas. E já só penso em descidas ao Lux, subidas ao Bairro, viagens ao Incógnito. O Cais do Sodré tão perto e o miradouro da Graça logo ali. O trabalho à distância de uma corrida e de um Metro.
E já só penso em uma vida. Com sons antigos e futuros, que juntos criam momentos e memórias novas. Um imaginário total. E já só penso em tudo isto bem acompanhado. Com outra família, aquela que se escolhe.
E já só penso em uma vida. Com sons antigos e futuros, que juntos criam momentos e memórias novas. Um imaginário total. E já só penso em tudo isto bem acompanhado. Com outra família, aquela que se escolhe.
sábado, setembro 06, 2008
No seguimento das estações
Encontro-me violentamente urbano na antecipação do Outono.
Respiro o asfalto da cidade, filtrado pelas folhas caídas e absorvo os pormenores: a escada rolante solitária que não se cansa de subir no metro da Avenida, o cinema dark no São Jorge, a azáfama quente da FNAC ou o ribombar sólido do comboio.
Encosto-me na parede molhada e vejo a chuva cair, iluminando a noite ao multiplicar a luz artificial dos candeeiros. Sorrio para mim, a auto-cumplicidade é um sentimento gigante...
Lisboa branca, é cinzenta pelas nuvens, é escura pela noite. Continua maravilhosa agora que o Verão se vai embora e promete sempre dias de sol com tonalidades diferentes no seguimento das estações.
Respiro o asfalto da cidade, filtrado pelas folhas caídas e absorvo os pormenores: a escada rolante solitária que não se cansa de subir no metro da Avenida, o cinema dark no São Jorge, a azáfama quente da FNAC ou o ribombar sólido do comboio.
Encosto-me na parede molhada e vejo a chuva cair, iluminando a noite ao multiplicar a luz artificial dos candeeiros. Sorrio para mim, a auto-cumplicidade é um sentimento gigante...
Lisboa branca, é cinzenta pelas nuvens, é escura pela noite. Continua maravilhosa agora que o Verão se vai embora e promete sempre dias de sol com tonalidades diferentes no seguimento das estações.
segunda-feira, setembro 01, 2008
quarta-feira, agosto 06, 2008
"When I'm twenty seven shades of blue...
...And my lips are unhappy without you"
Quero segredar. Viajar com esta música, viver o Verão. Contornar esquinas e provar como Lisboa do final de tarde é luminosa e fácil. Que não existe peso, nem a leveza se torna insustentável.
As músicas dos Lucky Soul pedem para ser entranhadas com memórias... :)
segunda-feira, junho 16, 2008
As noites únicas
Foi um fim-de-semana mágico, em que a leveza do ser foi sustentada por incontáveis pormenores que a enriqueceram, que a tornaram palpável. Já era dia quando tu disseste "Até Dezembro!" - a nota devastadora que põe o fim a noites que não se repetem tão cedo. Noites em que o estado de espírito e as presenças anulam as ausências reais e as que criamos dentro de nós.
Na próxima sexta ou no próximo sábado à noite vais estar no pool das ausências. Estou conformado com as tuas idas, é o tempo entre as tuas vindas que me afecta.
Até Dezembro! :)
Na próxima sexta ou no próximo sábado à noite vais estar no pool das ausências. Estou conformado com as tuas idas, é o tempo entre as tuas vindas que me afecta.
Até Dezembro! :)
sábado, junho 14, 2008
De madrugada
Ao subir a Calçada do Combro esperava-me uma rosa vinda de uma mão desconhecida e dois beijinhos de nacionalidade italiana (em troca da flor). Em apenas dois segundos Lisboa com o seu jeito subtil e sem manjericão tinha alimentado os meus sonhos...