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segunda-feira, novembro 19, 2007

Nota sarcástica acerca da realidade portuguesa

Ao ler a notícia que veio no Público de hoje, acerca do tribunal que deu razão ao Hotel que despediu um cozinheiro por este ser seropositivo, não consigo parar de pensar o quão errado é especializar-se dentro de uma certa área. Isto porque, com certeza, o senhor só sabia fazer saladas, já que o motivo dado pelo tribunal para o seu despedimento foi que: "ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida", mas não qualquer tipo de comida, como o médico de trabalho que serve o Hotel diz: "no caso de um pequeno derrame de sangue que passe despercebido e que caia sobre alimentos em cru consumidos por quem tenha na boca uma ferida". Nos alimentos crus, eu leio saladas e não sushi, obviamente.
Portanto, o senhor era certamente especialista em saladas. Pois que de outra maneira, o Hotel teria recolocado o senhor a fazer outro tipo de cozinhados, sem qualquer problema por parte da gerência, dos colegas de trabalho ou mesmo dos clientes. Já que estamos num país onde o preconceito não abunda e as pessoas, em geral, não são ignorantes e sabem que por exemplo o risco de se contrair o HIV através de lágrimas, saliva ou suor é nulo ou que as temperaturas do cozinhado são suficientes para matar o vírus...

Enfim, em toda esta estória triste, acabo por pensar, que cada vez que comer uma salada num restaurante qualquer vou procurar interiormente por um saborzinho a ferro. Só para me certificar se estou ou não estou a alimentar-me do sangue de um cozinheiro distraído, visto que isto deve estar sempre a acontecer...

segunda-feira, agosto 06, 2007

O mundo cosmopolita do século XXI está patente na minha sala. A antiga empregada cá de casa, Angolana, acabou de entrar para visitar a minha avó, Portuguesa, e deu um beijinho à actual empregada que temos, originária da Geórgia. Neste momento estão todas em amena cavaqueira. Resolvi fugir da sala, corria o risco de me emocionar com tanta modernidade junta! Aqui, posso escrever estas linhas e continuar a ouvir os risos delas...

quinta-feira, agosto 02, 2007

Sinonímias

O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (O que estava mais à mão, do meu lado direito. Tinha olhado primeiro para o Priberam mas pareceu-me pobre), diz que:

Snobismo: 1 atitude de quem despreza o relacionamento com gente humilde e imita, geralmente de maneira afectada, o gosto, o estilo e as maneiras de pessoas de prestígio ou alta posição social, e/ou assume ares de superioridade a propósito de tudo. 1.1 sentimento de superioridade exacerbado. 1.2 gosto excessivo, geralmente afectado, pelo que está na moda, inclusive trivialidades.

Elitismo: 1 liderança ou domínio por parte de uma elite 2 crença na legitimidade dessa liderança ou domínio e defesa dos seus valores e prerrogativas 3 consciência de ser elite ou membro de uma elite 4 descriminação social e/ou cultural que resulta do elitismo // política que visa antes de tudo à formação e selecção de uma elite intelectual, de sentido pejorativo.

(Sendo elite: 1 o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente num grupo social 2 minoria que detém o prestígio e o domínio sobre grupo social.)

Superioridade: (o 1 e o 2 não estão dentro do contexto) 3 característica do que se julga melhor do que os outros.

Isto tudo devido a uma conversa mais ou menos acesa acerca dos conceitos acima, do que se é e do que não se é, daquilo que é legítimo ser, daquilo que é horrível ser-se... Onde acaba o direito de escolher e começa o comportamento elitista? quando é que se passa a ser snob? quando é que a superioridade acaba por descambar no desrespeito? quando é que atravessamos a linha ténue de mostrar uma opinião para passarmos a impor essa opinião? Como nos comportamos relativamente ao mainstream? A discussão esteve sobretudo focada na música, mas foi bater a outras portas...

sábado, junho 16, 2007

Em Junho de 2008

poucos se lembravam das últimas chuvas que tinham ocorrido há um ano. Os campos estavam mirrados e o ar carregava o tom amarelado do pó. Cada centimetro quadrado do continente era fustigado pelo sol constante, que deixava as barragens cada vez mais vazias, e as horas que os canos das casas davam água diminuiam de mês para mês. O céu azul era odiado, todos os dias não havia cabeça que não olhasse para cima à procura de uma nuvenzinha que fosse...
Faltava uma semana para o começo do Verão, dizia-se que ia ser longo, quente e seco. Outubro parecia ser uma meta impossível e já ninguém prometia nada.

sexta-feira, junho 15, 2007

Sobre o aluno que esfaqueou o professor na Universidade do Minho. Se fosse nos EUA, com certeza haveria uma arma em vez de uma faca, e com uma grande probabilidade um assassíno e uma vítima. A responsabilidade da acção não deixaria de ser do interveniente, mas, ainda bem que em Portugal o estado dificulta muito mais o uso legal de armas.

terça-feira, junho 12, 2007

Language

Num dos momentos mais belos do filme "Shortbus", o antigo Mayor de Nova York é perdoado com um beijo. Perdoado por representar o medo de uma década coberta por uma nuvem negra, por um pesadelo. O medo que nasce sempre com o desconhecido.

"Everybody knew so little then... I know even less, now."

Durante toda essa sequência, Scott Matthew (dono de vários temas da banda sonora e participante as one of the Shortbus House Band no filme) canta uma canção lindíssima de dor, preenchida por uma mágoa profunda e esquecida. Chama-se "Language". Pode ser ouvida aqui.

quarta-feira, abril 25, 2007

O mistério - Segunda parte

Na procura interna de respostas e da imaginação descobre-se muitas vezes as "janelas abertas" ou mais propriamente, abrimos as janelas. Foi nesse estado de deixar o ar sair e entrar que me veio parar às mãos o livro do Amos Oz, chamado "Contra o fanatismo". Editado pelo Público e pela Asa, este pequeno livro vinha de borla numa edição deste jornal da semana passada (acho que foi terça-feira, mas não tenho a certeza).
O livro tem três textos independentes e ainda só tive tempo de ler o primeiro. No entanto a visão do autor acerca do fanatismo humano, e por trás, o seu olhar sobre o ser humano é de um interesse maior. Já para o final deste texto intitulado "Da natureza do fanatismo", Amos Oz descreve o ser humano como uma península, com uma parte virada para o mar, para a introspecção e para o eu, e outra ligada à terra, aos outros, aos laços humanos, às pessoas. E que o respeito mútuo por esta condição peninsular era essencial para a manutenção de um equilíbrio. Que era no respeito pelas ideias do outro e na tentativa de consensos e de autocrítica (talvez através do humor) que se mantinha o fanatismo distante de cada um de nós.
Amos Oz também refere de uma forma muito directa o que está na génese do fanatismo:

"Digo que a semente do fanatismo brota ao adoptar-se uma atitude de superioridade moral que impeça a obtenção de consensos." - pp. 17

No nosso feriado mais significativo, onde se comemora a liberdade como um bem maior, no meio de um mundo onde os consensos parecem ser cada vez mais complicados, manter o espírito aberto, lúcido, interrogativo, parece ser urgente. Nessa visão peninsular do eu, procuramos respostas no mar para responder aos problemas da terra e achamos respostas em terra para os problemas do mar. Sempre, com o pensamento e a comunicação a correr num estado livre.

O mistério - Primeira parte

O que falta descobrir em cada um de nós? Lembrei-me desta pergunta quando vi esta fotografia no site do Público. Estava legendada assim:

"Pegadas ao contrário Steve Torgersen, perito de minas norueguês, olha deslumbrado para os fósseis de pegadas de uma criatura pré-histórica descobertos no tecto de uma mina de carvão na ilha de Spitsbergen, no Árctico. Foto: Francois Lenoir/Reuters"

Também eu teria ficado "deslumbrado" se estivesse no lugar de Steve Torgersen. Temos a tendência para nos esquecer que por trás da nossa História, existe outra muito maior feita por forças elementares que condiciona toda a nossa estadia cá. De vez em quando, pequenos relatos dessa História vêm ao de cima. O que é preciso é ter imaginação para os encontrar. O benefício, para além da óbvia conquista de mais uma peça do enorme puzzle que está por ser feito, é ficarmos mais pequeninos. Ou seja, esse ponto ilusoriamente físico que é o céu distancia-se. E todo o novo espaço que aparece, presta-se a ser penetrado pela nossa imaginação, sonhos, ideias. Obriga-nos a pensar.

sábado, fevereiro 17, 2007

Brufeno-me ou Panasorbo-me?

Contextualize-se. Você pode ser a próxima vítima da gripe!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Sentiram...

... a lufada de ar fresco que entrou pela janela, esta manhã?

Mais um passo para a modernidade. :)