sexta-feira, agosto 28, 2009

Fórum

Rasgaram-me dos ossos um telescópio e observaram o céu, cortaram-me o pescoço e beberam sangue. Surgem-me da derme palavras, correm-me frases do peito até às costas. Vivo como pedra para ser espaço. Sou bancada, púlpito, palco. Existo em texto, mastigam-me em temas, engolem-me em discussões. O meu corpo tornou-se praça para reuniões, consensos, votos, odes. Fui política, ciência, cultura, filosofia, história. Passo de matéria a informação, infiltra-se-me saber, sustenta-me conhecimento em vez de carne. Sou fórum dia e noite, veículo de ideias, lugar dos outros. Convirjo estrelas, enquadro galáxias, incorporo universos.

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