Os meus anos 90 não foram os do Grunge, foram outros. Lembro-me da morte do Kurt Cobain ainda ia eu no meu longínquo 6º ano - cheio de correria e de simplicidade. A morte do vocalista dos Nirvana não me pôs a chorar nem retirou a minha fé na humanidade como fez ao Nate Fisher - soou somente distante mas com a necessidade real de um "A sério?", como tinha ocorrido três anos antes com a morte do vocalista dos Queen - esta bem diferente, mas que eu, na minha inocência dos 11 anos, tinha posto tudo no mesmo saco.
Os anos 90 foram correndo, e só três anos mais tarde, já afagado pelos sobressaltos da adolescência é que me veio parar à mão uma cassete gravada (ah, esses tempos...!) do Nevermind. A voz do Kurt Cobain entrou finalmente no meu quarto, mas sejamos honestos, com muito menos impacto do que uma Alanis Morissette ou do que um Leonard Cohen (a primeira tornou-se alvo de obsessão com o seu Jagged Little Pill, o segundo pus para contrabalançar e não mostrar só o meu lado semi-piroso de pré-adolescente).
Isto tudo porque, à conta do último álbum de família da radar - o In Utero, dos Nirvana, não pude deixar de pensar no facto do Grunge me ter passado ao lado, embora tenha tocado de perto muito boa gente da minha idade e que me rodeava. A minha energia teenager iria encontrar outra fonte de obsessão e de descoberta, que me deu para horas de reflexão, de olhar vítreo e de admiração extraordinária.
Estava a meio do secundário, quando a proximidade da produção de uma peça de teatro chamada "Cowboy Mouth", de Sam Shepard, veio tirar o pó a uma data de discos de vinil antigos que pertenciam aos meus irmãos, nomeadamente do David Bowie, e ao gira-discos que existia cá em casa. A iconografia só por si já valia a pena, mas toda aquela música do princípio dos anos 70, associada ao Glam rock, veio tocar no nervo certo. Foram dois ou três anos a descobrir a discografia do Bowie (que não parou, para bem da minha sanidade mental, no Glam), outros autores da geração, a onda neo-glam com os Placebo e os Suede e o Velvet Goldmine - o filme mítico de Todd Haynes. Passei o 12º ano a estudar para os exames e a ouvir os vinis do Bowie, lembro-me das noites frias de Inverno (valentes frieiras que apanhei nesse ano!), a parar o estudo, ir até ao gira-discos, virar o disco, pôr play, acertar agulha e começar a ouvir - "This ain't rock'n'roll. This is genocide!", Diamond Dogs in loop - how cool is that?
6 comentários:
O in utero foi o album que me fez festinhas na cabeça durante toda a minha adolescência.
Eu não chorei com a morte do Kurt, mas eu também choro muito pouco. Não chorei porque o Kurt não matou a música fantástica que eles faziam, e hoje sei que não chorei também porque morreu a drag queen daquela grande banda mas não morreu o maravilhoso maquilhador da drag queen que tocava naquela bateria. Não há melhor baterista no mundo.
E no fundo no fundo foi melhor assim, se eles tivessem continuado juntos e como banda, hoje já ninguém os suportava. ver exemplo Radiohead.
Pois, diz que o baterista tb foi importante. Mas não sabes se ainda fariam ou não boa música. Olha o caso dos Sonic Youth, o caso comprovado de envelhecer com estilo e classe...
Obrigada por "me" teres colocado na tua lista de blogues:-). Mudei de nome.. Gosto bastante do teu. Por acaso ultimamente tenho ouvido muito o Ziggy Stardust e o Heroes. Quanto ao Kurt Cobain e sua morte, andava obcecada com os Doors na altura.
Fica bem.
Hello, deborah, di-nada, também é um prazer ir ao teu blog. Dos doors já falei, nunca fiquei obcecado (como fiquei com o bowie), mas gosto muito...
Stay well
Só te posso dizer que tiveste boas influências na adolescência.
Obrigado, puto!:)
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