sábado, outubro 29, 2011

Sobre a escrita

É tão isto mas é sempre ao lado.

Rádio Amália

Saí da noite e entrei no táxi. De fora deixei o fumo do tabaco e as luzes interiores e sentei-me na Lisboa já amanhecida. A Lisboa do fado na rua e do Tejo azul, da feira da ladra e do movimento de sábado. Entrei sozinho na manhã com a mesma certeza com que entrara sozinho na noite. Com a premonição do tempo. Contínuo, imparável. E atravessei a cidade ainda escura imerso no devir. Em direcção a casa. Adiantado. Fui acompanhado pelo suceder de vozes, pela guitarra portuguesa. Ainda de noite na manhã da rádio Amália.

domingo, outubro 23, 2011

À espera do Outono

Vizinho: "Ainda não começou a chover."
Eu: "Mas as folhas já começaram a cair."

Days go by

Mordo o maxilar. Não sei fazer melhor. Desgasto-o, inconsciente. Macero a junção dos ossos em sonhos, longínquo. Ganho um problema. Já disse que não sei fazer melhor. Tão pouco sei curar-me. Não quero. É como levantar o volume de uma canção para antecipar a surdez, para activar a dor. É uma aproximação. A música preenche o cérebro, os sentidos estalam e é só ouvir. Ou submeto-me a um ecrã e aí é só ver. Até os olhos enegrecerem e o sono apoderar-se. Então volto a ruminar. Até ao dia seguinte.