Proibira-se dos voos directos. Assustava-se com o Second Life e tinha-se apaixonado pelo Google Earth. Fazia todas as viagens por etapas, com escalas, paragens, descansos. Decidira há muito que os destinos só por si eram insuficientes, irreais. Que na palavra ida havia quilómetros de ar, terra, árvores e pessoas, que cada uma podia ser um lugar e uma chegada, que todo o futuro estar é definido por um ir. Desprezava as pessoas que formavam um mapa mental do mundo através de pontos isolados e perdia-se nos relevos mais ou menos detalhados do Google Earth, acrescentando sempre que podia fotografias de locais por onde tinha passado. Ficava angustiado quando entrava numa auto-estrada e olhava para a paisagem a passar, rápida, terrível. Percorria-lhe a dúvida de tudo ser um cenário virtual e só sobrevivia à experiência com a ilusão de que um dia todo aquele terreno iria ser palmilhado pelos seus pés...
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