quarta-feira, agosto 01, 2007

Campismo e arredores

Foram os detalhes que me chamaram a atenção. A mão que segurava no corpo esguio do copo de vinho branco, o cabelo grisalho do homem sentado no sofá da sala, as calças que terminavam nos pés descalços que não tocavam no chão, o galgo deitado com o ar reverente dos galgos, a tarde a pôr-se... A sala estava a meia luz, não percebi se o homem estava a olhar cá para fora ou para algum objecto no outro extremo da pequena sala. Mas o conjunto pareceu-me irreal, no meio das centenas de casas brancas de contraplacado, cheias de famílias - Pai, Mãe, Avós e Netos envolvidos em barulhos e cozinhados, aquele homem era a antítese do parque. Naquela esquina a vida era temperada de outra forma, o tempo trabalhava a favor, o dia estava cheio de rituais e respirações. O homem tinha outro ritmo, a sabedoria parecia estar do lado dele.


Os parques de campismo são um caldo rico para qualquer observador. Passei o fim-de-semana passado a fazer campismo virado para o mar. Mas em terra não pude deixar de notar no universo denso que a vida de um parque de campismo constrói. Este foi apenas um pormenor.

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