domingo, novembro 04, 2007

De MIA a Yo La Tengo, entre a destruição e o devaneio

"I fly like paper, get high like planes
If you catch me at the border I got visas in my name
If you come around here, I make 'em all day
I get one down in a second if you wait"

Kala torna-se perfeito em "Paper Planes", quando a voz de M.I.A. numa provocação infantil diz: "Some some some I some I murder Some I some I let go", valorizando igualmente ambas as acções, duas faces de uma moeda amoral. Como acredito na culpa pela passividade, canto com ela esta frase todas as vezes que olho para o noticiário e não distingo os mortos dos sobreviventes.
No filme "A Invasão", a Humanidade fica a um passo de ser tomada por um ectoplasma alienígena, capaz de transformar todos as pessoas numa única entidade conjunta, que é calma, racional e não violenta. Felizmente fabrica-se uma vacina que dá cabo do ectoplasma e o mundo volta a ser igual a si mesmo: violento, miserável, injusto, horrível. Fica a dúvida moral no fim do filme: será preferível o mundo descrito em Kala ou uma paz extraterrestre?
No entanto, para meu espanto, esta a dúvida foge-me da cabeça assim que inicío mais uma viagem solitária de transportes públicos ao som do MP3. Minto, cheguei recentemente à conclusão que é o MP3 que me transporta. Todos os dias de manhã sento-me em cima dele, cruzo as pernas, e apesar dos seus 3,3cm de largura por 6,5cm de comprimento e 1,2cm de altura, o Creative eleva-se meio metro acima do chão e leva-me onde quero. Com o bónus de dar-me música e de afugentar todas as minhas preocupações! Hoje são os Yo La Tengo que me fazem companhia com o seu "Mr. Tough", ao contrário do Senhor Rijo, a mim não me custa nada acreditar que tudo vai correr bem...

"Hey Mr. Tough
Don't you think we've suffered enough?
Why don't you meet me on the dancefloor
When it's time-to-time time?
And if you need to tell me something once
You won't have to say it twice
And if you ask for a nickel
I'm gonna hand you a dime (...)
Pretend everything can be alright"

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