domingo, agosto 17, 2008

There's something about "Modern Guilt"

Do que ouvi, o novo álbum do Beck é Bom. Sem preconceitos, sem necessitarmos de comparar com a discografia do cantor, é sólido, aguenta-se sozinho, é Bom.

Apareceu uma barata. Estava a ouvir in loop a música que dá nome ao álbum.
Estava à espera do bus para ir para casa. Apareceu uma barata. Não é a primeira vez.

"Don't know what I've done but I feel ashamed" - diz o Beck

São sinais de contemporaneidade. Como a série "Californication".
Há no ar sintomas. Baratas. Pensamentos. Uma culpa intrínseca. Sentimos todos, globalmente. Já ninguém pode dizer "eu não sabia". Ouve-se falar. E não interessa. Não temos as mãos entranhadas de feridas verdadeiras, estão limpas e isso só significa que elas estão mesmo, mesmo sujas.
A auto-consciência do Beck é muito mais terrível dos que os horrores dos serial killers do imaginário dos anos 90. Já não estamos no século XX.

"Modern Guilt (...) Don't know what I've done but I fell afraid"

2 comentários:

O Puto disse...

Num mundo em que as consciências são dominadas pela Teoria do Caos, todas as nossas acções têm consequências visíveis, nem que seja interiormente. Tem bons efeitos, caso contrário estaríamos com a mentalidade da Segunda Revolução Industrial, e efeitos algo perversos, como essa culpa que o Beck fala (a propósito, muito bom disco). Sem acções não há reacções, e as primeiras não têm necessariamente que ser insconscientes, mas um pingo de inconsequência (o chamado risco) pode levar a bons resultados. Se corre mal, há sempre quem diga que de boas intenções está o Inferno cheio. That's called management. Abraço!

Randomsailor disse...

Oh bolas puto, com essa resposta corremos o risco de ter aqui uma discussão (que são muito positivas, mas que sofrem limitações quando escritas...).

Eu acho que o que tu falas aí de Teoria do Caos da consciência, é um bocado mais complexo do que isso, é uma conjuntura de factores, biológicos, sociológicos, educacionais, geracionais (que agregadamente talvez se possa chamar teoria do caos, mas pronto). Não sei se o sideeffect é perverso ou não. O sentimento de culpa é bom e mau consoante a forma como analisas, conforme o que te faz fazer.

Por outro lado, o que eu sinto, e identifico-me muito com esta obra do Beck é a consciência das coisas. A interligação daquilo que tu fazes ou de aquilo que tu também acabas por ser fruto... Que acaba por dar esta sensação de peso, em que tens culpa por tudo ou pelo menos és responsável por tudo e todos, eu sei que não é uma ideia nova, mas acho que o peso é maior e como tens e podes ter mais consciência de mais coisas, o peso é maior.

Mas concordo contigo, há efeitos muito bons no meio disto tudo e acredito na "salvação", ou na melhoria das coisas...

Puf, que testamento!

abraço