Refugiava-se nos enquadramentos clássicos para não ser apanhado desprevenido. Afinal, quem garantia que os domingos de ontem acabavam sempre nas segundas-feiras de hoje? Tinha medo de saltar o dia e acordar na terça-feira seguinte, ou mesmo cortar toda a semana para voltar a aparecer na véspera da próxima segunda. Sentado, num bar, bebia a confiança de um copo de vinho. Depois, dirigia-se para casa e adormecia calmamente com uma memória recente a aveludar-lhe a alma: o momento em que pousava o cardápio na mesa com a escolha feita na cabeça - era nesse gesto que assegurava a continuidade dos dias...
4 comentários:
As vezes podiam ser não continuos, talvez conseguisse uns momentos de paz...
Acordamos da paz e adormecemos para a paz. E tu sabes o que isto significa x...
Beijo grande
Age como os sábios que, para não vacilarem no pedido, se socorrem da lista, mesmo que a tratem como um acessório dispensável.
O que importa é dormir ao som da brisa que passa, mesmo que, para assegurar a continuidade, a luz tenha que estar permanentemente acesa.
Belo texto, Randomsailor!
:)
Hugzz @ Caxuxa
obrigado kraak.
é só uma estória, tem pouco de real.
Quanto à continuidade, essa é assegurada pela nossa coerência, acho. Mas concordo contigo, é sempre preciso luz.
abraço
Enviar um comentário