domingo, fevereiro 24, 2008

Azul/Castanho

Ao longe o rio embatia contra o mar, numa luta de cores. O primeiro, castanho das chuvas e das lamas, o segundo, azul escuro, como se a profundidade fosse uma forma de ser e não uma condição física.
Contudo, ele que olhava, questionava aquela fronteira que as cores definiam. Será que mais uma vez não seria a incapacidade humana de apreender a gradualidade das coisas, responsável por aquela percepção? Agora na sua vertente fisiológica, óptica?
Focava a fronteira, olhava para o azul e para o castanho distantes, esforçava-se para encontrar uma zona de mistura, um padrão intermédio. Não admitia ser vítima do seu cérebro primário, que até naquela situação, continuava a envolver a realidade num sistema binário que tudo simplificava, e que destruía a hipótese de se ser verdadeiramente livre...

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