Os edifícios e as ruas permanecem no mesmo sítio. As distâncias não se alteram. Mas com o passar das noites a cada novo olhar de reconhecimento, tudo encolhe. Conhecemos desconhecidos por terceiros, ligados a quartos que são mencionados por quintos que nos conhecem. Apertamo-nos numa rede de ligações e cadeias que aumentam por toque de palavras, de conversas, de locais, de murmúrios. Fazemos parte de uma cidade e talvez seja ela que nos une, como plataforma física para os nossos elos.
Nas noites em que me sinto mais contemplativo, nas quebras das músicas, sucede ter que fazer um esforço para me situar. Tento desviar-me dos olhos que me rodeiam e perceber o sentido das minhas acções, a razão porque estou ali e não no sossego da minha casa. É fácil perdermo-nos nas acções dos outros, é fácil encetarmos modos de estar que são a continuação dos outros. Corremos o risco de sermos o eco das pessoas que estão à nossa volta, cujo eco nem sequer é original... E há algum mal nisto? Nenhum, até as noites parecerem todas iguais.
Mas existe um conforto neste reconhecimento de caras em constante crescimento. Um conforto social de sermos admitidos, de pertencermos e estarmos assegurados a uma certa tribo. Não sei qual é o meu papel nessa tribo. Tento criar um papel à minha medida e ainda não sei o que me interessa, onde me situo e como é que me devo comportar... Work in progress, I guess.
4 comentários:
Não quero...mas será que andamos na mesma "fase".
Não sei se estamos na mesma "fase". Ainda assim ponho o meu dinheiro no "work in progress"...;)
Beijo exclamativo! :)
Interessante perspectiva. Sei bem o que é isso. Ainda há cerca de mais ou menos 15 dias atrás senti o mesmo.
Acho que, na realidade é bom estarmos com os pés em várias tribos porque "pertencer" a uma delas pode correr o sério risco de nos tornarmos presentes numa seita.
Hugzz tribais
kraak, acho que o meu sentido de tribo talvez seja mais geral do que o que dizes acima. Toda a gente se conhece! É assustador...
Enviar um comentário