terça-feira, dezembro 18, 2007
Descuidado, lançou-se no amor...
..."Agora é que é!"- suspirou, como se tratasse de uma premonição. E atirou-se.
Tears are frozen diamonds, so we smile while we're crying
Se eu fosse um blogger dedicado, fazia um podcast ou outra coisa qualquer para pôr esta música no sidebar. Mas não sou! Por isso deixo este youtube enfadonho com uma das músicas mais bonitas deste Inverno. É dos Animal Collective e chama-se Winter Wonder Land.
Quem não estiver disposto a olhar para os morangos, pode seguir a música com a letra, retirada aqui, que está abaixo...
"Mold of the fawn
I've been frozen here for days
With your lights reflecting in my face
I must be cold on your lawn.
But inside I'm ok,
I can live without your time
Where snowmen never melt
Instead they always shine
If you don't believe in fantasy then don't believe in fantasy but
do you not believe in fantasy because it gets you down?
If you don't believe it's raining I won't tell you that it's raining
but do you not believe it's raining just because it gets you down?
If you don't believe in happiness then don't believe in happiness
but if you don't believe in happiness then man you must be down.
If you don't believe you're dying I won't tell you that you're dying
but do you not believe you're dying just because it gets you down?
Our homes are all white
We go dancing on a lake
Sleds will carry us tonight
And snowflakes blow us on our way
Drifts rise to the sky
Rainbow hats fly down them
And tears are frozen diamonds
So we smile while we're crying"
domingo, dezembro 16, 2007
As noites a quatro dimensões
A noite de sábado foi fria e quente e lúcida e louca. Cheia de olhares e corpos e vultos e sons. Presenteou-me com coincidências, como só as grandes noites de Lisboa esforçam-se por o fazer. Encheu-me a mente de fascínios por pessoas que podem muito mais do que eu. Mas foi suficientemente generosa para me mostrar que a liberdade pode se tornar num vício (juro que não quero citar o M. S. Tavares), numa escravidão.
Trouxe uma estrela, ofereceram-me uma noz e gravito com novas memórias que me tornam mais vivo. Como no filme Shortbus, a dignidade não pertence a esta equação.
Agradeço ao meu mano DJ e ao D.(J) amigo, por me terem raptado para esta noite. Levem-me na vossa bagageira para outras destas...;)
Trouxe uma estrela, ofereceram-me uma noz e gravito com novas memórias que me tornam mais vivo. Como no filme Shortbus, a dignidade não pertence a esta equação.
Agradeço ao meu mano DJ e ao D.(J) amigo, por me terem raptado para esta noite. Levem-me na vossa bagageira para outras destas...;)
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terça-feira, dezembro 11, 2007
Sonho nostálgico a 2 tempos
Penso sobre tudo isto:
Sobre as estações, os Outonos, as cadências dos calendários que partilham ou são o espelho dos nossos sentimentos.
Penso na companhia de mim próprio, na solidão, nos vazios.
Sobre os passos, as horas vagas, os desenrolares das tardes, as réstias de sol.
Nas melodias reais que o meu imaginário transforma em estórias, em sonhos, em vivências.
Sobre os olhares, as respirações, os lamentos, as dores.
Penso nos milhares de passos que dou, que não aglutinam nada, inoportunos na sua procura por coincidências.
Sobre a alma, o vento e as multidões anónimas.
Reconheço-me em cada percalço da juventude, em cada cheiro etéreo de esperança que se deposita no futuro.
Sobre as estações, os Outonos, as cadências dos calendários que partilham ou são o espelho dos nossos sentimentos.
Penso na companhia de mim próprio, na solidão, nos vazios.
Sobre os passos, as horas vagas, os desenrolares das tardes, as réstias de sol.
Nas melodias reais que o meu imaginário transforma em estórias, em sonhos, em vivências.
Sobre os olhares, as respirações, os lamentos, as dores.
Penso nos milhares de passos que dou, que não aglutinam nada, inoportunos na sua procura por coincidências.
Sobre a alma, o vento e as multidões anónimas.
Reconheço-me em cada percalço da juventude, em cada cheiro etéreo de esperança que se deposita no futuro.
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Eu que gosto da Grey...
...e de a ouvir debater as inconstâncias, angústias e absurdos do ser humano, deixo aqui as frases finais de um episódio recente:
"No matter how much we grow older, grow taller, we are still forever stumbling, forever wandering, forever young."
Ao vivo soa ainda melhor.
"No matter how much we grow older, grow taller, we are still forever stumbling, forever wandering, forever young."
Ao vivo soa ainda melhor.
quinta-feira, dezembro 06, 2007
"Stay out of trouble"
Viriato 25, das 23h à 1h da manhã. Uma óptima voz para acompanhar os serões de estudo! Com António Sérgio, na Radar.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Banda Sonora pessoal ou chove lá fora e eu tenho frio
Ainda vou a meio do álbum mas já está decidido. A minha banda sonora para os dias tristes do Inverno que se avizinha vai ser os The Raveonettes com o seu mais recente filho "Lust Lust Lust". Ponho os óculos escuros, enrolo-me no cachecol com o mp3 modo On, e imagino as delícias de uma praia quente. Fico à espera que o sol e o Verão voltem.
sábado, dezembro 01, 2007
Hit the road, Jack!
sexta-feira, novembro 30, 2007
Stardust in Perseus
A fotografia de ontem do Astronomy Picture of the Day. Um instante de uma realidade passada, para embelezar os sonhos de hoje e os amanhãs.
Deposito uma esperança ingénua, saudável e inconsequente em tanto pó. Pode ser que num futuro incalculável exista sob a forma de seres conscientes, onde seja "tudo para o melhor no melhor dos mundos possíveis."
Bons sonhos!
Deposito uma esperança ingénua, saudável e inconsequente em tanto pó. Pode ser que num futuro incalculável exista sob a forma de seres conscientes, onde seja "tudo para o melhor no melhor dos mundos possíveis."
Bons sonhos!
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quarta-feira, novembro 28, 2007
Ainda sobre "O sonho mais doce"
Na introdução do livro, Doris Lessing diz o seguinte: "Espero ter conseguido recriar, sobretudo, o espírito dos anos sessenta, esse período contraditório que, em retrospectiva e comparando-o com o que veio depois, parece de uma inocência surpreendente. Teve pouca da torpeza dos anos setenta ou da avidez fria dos oitenta."
Fica aqui o tease.
Fica aqui o tease.
terça-feira, novembro 27, 2007
O sonho mais doce
Descobri o prazer de um livro sem capítulos. Mais importante do que isso, descobri Doris Lessing... Agora é só ler, desmesuradamente.
segunda-feira, novembro 26, 2007
Gossip Girl
Para quem como eu consome séries de tv como outros e outras consomem cigarros (sem o perigo do cancro do pulmão, contudo), hoje, às 21h30, estreia no AXN Gossip Girl. Olhem para fotografia, que glamorosos que estão, hem?
Deixo aqui um excerto do que diz o wikipedia sobre esta série:
"Gossip Girl revolves around the lives of socialite young adults growing up on New York's Upper East Side who attend elite academic institutions while dealing with sex, drugs, and other teenage issues."
Suficientemente interessante?
Deixo aqui um excerto do que diz o wikipedia sobre esta série:
"Gossip Girl revolves around the lives of socialite young adults growing up on New York's Upper East Side who attend elite academic institutions while dealing with sex, drugs, and other teenage issues."
Suficientemente interessante?
domingo, novembro 25, 2007
Lisboa está a ficar gira!
Tivesse eu uma máquina fotográfica na mão e zás! tinhamos o primeiro post de um novo tag que eu chamaria: "Lisboa está a ficar gira". A fotografia era de um frigorífico na montra de uma loja de roupa. Quem está atento e anda pelas ruas da cidade sabe do que me estou a referir. Mas como não tenho máquina fotográfica não há nada para ninguém... A não ser que o caro leitor envie-me fotografias de pormenores giros e modernos de Lisboa com a descrição da fotografia. Fica aqui a proposta, o mail está disponível no blog...
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Lisboa está a ficar gira
quarta-feira, novembro 21, 2007
"Wake up this morning"
E na madrugada em que completo 25 anos lembro-me da vontade e da urgência com que fiz os 22... Sinto uma nostalgia que o 11:11 do Rufus (in loop) não me deixa esquecer, embrenhada nas simetrias internas com que a vida nos respira. A ponta de solidão a mais contrapõe com o que se viveu. É aproveitar o momento. Daqui a pouco deito-me, adormeço e acordo com o mundo a girar.
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terça-feira, novembro 20, 2007
segunda-feira, novembro 19, 2007
Nota sarcástica acerca da realidade portuguesa
Ao ler a notícia que veio no Público de hoje, acerca do tribunal que deu razão ao Hotel que despediu um cozinheiro por este ser seropositivo, não consigo parar de pensar o quão errado é especializar-se dentro de uma certa área. Isto porque, com certeza, o senhor só sabia fazer saladas, já que o motivo dado pelo tribunal para o seu despedimento foi que: "ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida", mas não qualquer tipo de comida, como o médico de trabalho que serve o Hotel diz: "no caso de um pequeno derrame de sangue que passe despercebido e que caia sobre alimentos em cru consumidos por quem tenha na boca uma ferida". Nos alimentos crus, eu leio saladas e não sushi, obviamente.
Portanto, o senhor era certamente especialista em saladas. Pois que de outra maneira, o Hotel teria recolocado o senhor a fazer outro tipo de cozinhados, sem qualquer problema por parte da gerência, dos colegas de trabalho ou mesmo dos clientes. Já que estamos num país onde o preconceito não abunda e as pessoas, em geral, não são ignorantes e sabem que por exemplo o risco de se contrair o HIV através de lágrimas, saliva ou suor é nulo ou que as temperaturas do cozinhado são suficientes para matar o vírus...
Enfim, em toda esta estória triste, acabo por pensar, que cada vez que comer uma salada num restaurante qualquer vou procurar interiormente por um saborzinho a ferro. Só para me certificar se estou ou não estou a alimentar-me do sangue de um cozinheiro distraído, visto que isto deve estar sempre a acontecer...
Portanto, o senhor era certamente especialista em saladas. Pois que de outra maneira, o Hotel teria recolocado o senhor a fazer outro tipo de cozinhados, sem qualquer problema por parte da gerência, dos colegas de trabalho ou mesmo dos clientes. Já que estamos num país onde o preconceito não abunda e as pessoas, em geral, não são ignorantes e sabem que por exemplo o risco de se contrair o HIV através de lágrimas, saliva ou suor é nulo ou que as temperaturas do cozinhado são suficientes para matar o vírus...
Enfim, em toda esta estória triste, acabo por pensar, que cada vez que comer uma salada num restaurante qualquer vou procurar interiormente por um saborzinho a ferro. Só para me certificar se estou ou não estou a alimentar-me do sangue de um cozinheiro distraído, visto que isto deve estar sempre a acontecer...
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quinta-feira, novembro 15, 2007
"Tens um ar muito cinematográfico."
Falta-vos glamour na vida? It's simple: cortem o cabelo, um corte giro. Fiquem uns 20 minutos à porta dos armazéns do chiado. É fácil. Alguém vai acabar por vos tirar uma fotografia...
Fa-shion!
Fa-shion!
quarta-feira, novembro 14, 2007
Tatuagem
Desperdicei pele. Queimei-me. Na torradeira. Ardeu-me e doeu. Aquela dor e ardor que o nosso corpo devolve-nos aquando das queimaduras. E lá estou eu a distanciar-me do meu corpo...
Queimei-me, repito. Ficou vermelho, inchou, borbolhou, finalmente curou. Tudo isso espaçado. Com o ritmo que só o corpo tem, na sua cadência necessária e certeira para curar as coisas. Mas a marca ficou. Vermelha. Olho para a pele e lembro-me do descuido, da torradeira, da dor. Tenho uma memória cristalina do momento. E penso sempre, que forma tão estúpida de marcar a minha pele!
Queimei-me, repito. Ficou vermelho, inchou, borbolhou, finalmente curou. Tudo isso espaçado. Com o ritmo que só o corpo tem, na sua cadência necessária e certeira para curar as coisas. Mas a marca ficou. Vermelha. Olho para a pele e lembro-me do descuido, da torradeira, da dor. Tenho uma memória cristalina do momento. E penso sempre, que forma tão estúpida de marcar a minha pele!
"Grip like a vice"
O "Doing it right", o segundo single a ser extraído do novo álbum dos The Go! Team é uma grande música. Mas a verdade é que nem consigo chegar a essa. Fico logo retido em repeat no "Grip like a vice", que é um vício! Dançável até à quinta casa. Só me pergunto se terei oportunidade de a ouvir aqui.
Podem ouvir as duas música no myspace da banda. Depois digam qualquer coisa...
Podem ouvir as duas música no myspace da banda. Depois digam qualquer coisa...
domingo, novembro 04, 2007
Wise me up, people
Back then, quando o tempo passava mais lentamente, o cabelo estava menos branco e havia muito futuro por acontecer, as vossas certezas e discurso seriam certamente diferentes. Eu, em poucas semanas, atingirei essa data emblemática do quarto de século, o vosso "back then".
Muito obrigado pela contribuição. De certeza que vão iluminar os 365 dias que se me avizinham...;)
Por isso proponho um quizz para animar o blog e para quem tiver paciência. Façam uma introspecção rápida, ou uma regressão lenta, aquilo que vocês quiserem. Tentem lembrar-se de como eram com 25 anos e escrevam:
- Uma certeza que tinham na altura e que hoje em dia discordam completamente.
- Uma certeza que continua convosco.
Certeza- Opinião forte e vincada sobre a vida, o universo e tudo mais; opinião de carácter permanente; definidor de personalidade
Muito obrigado pela contribuição. De certeza que vão iluminar os 365 dias que se me avizinham...;)
De MIA a Yo La Tengo, entre a destruição e o devaneio
"I fly like paper, get high like planes
If you catch me at the border I got visas in my name
If you come around here, I make 'em all day
I get one down in a second if you wait"
Kala torna-se perfeito em "Paper Planes", quando a voz de M.I.A. numa provocação infantil diz: "Some some some I some I murder Some I some I let go", valorizando igualmente ambas as acções, duas faces de uma moeda amoral. Como acredito na culpa pela passividade, canto com ela esta frase todas as vezes que olho para o noticiário e não distingo os mortos dos sobreviventes.
No filme "A Invasão", a Humanidade fica a um passo de ser tomada por um ectoplasma alienígena, capaz de transformar todos as pessoas numa única entidade conjunta, que é calma, racional e não violenta. Felizmente fabrica-se uma vacina que dá cabo do ectoplasma e o mundo volta a ser igual a si mesmo: violento, miserável, injusto, horrível. Fica a dúvida moral no fim do filme: será preferível o mundo descrito em Kala ou uma paz extraterrestre?
No entanto, para meu espanto, esta a dúvida foge-me da cabeça assim que inicío mais uma viagem solitária de transportes públicos ao som do MP3. Minto, cheguei recentemente à conclusão que é o MP3 que me transporta. Todos os dias de manhã sento-me em cima dele, cruzo as pernas, e apesar dos seus 3,3cm de largura por 6,5cm de comprimento e 1,2cm de altura, o Creative eleva-se meio metro acima do chão e leva-me onde quero. Com o bónus de dar-me música e de afugentar todas as minhas preocupações! Hoje são os Yo La Tengo que me fazem companhia com o seu "Mr. Tough", ao contrário do Senhor Rijo, a mim não me custa nada acreditar que tudo vai correr bem...
"Hey Mr. Tough
Don't you think we've suffered enough?
Why don't you meet me on the dancefloor
When it's time-to-time time?
And if you need to tell me something once
You won't have to say it twice
And if you ask for a nickel
I'm gonna hand you a dime (...)
Pretend everything can be alright"
If you catch me at the border I got visas in my name
If you come around here, I make 'em all day
I get one down in a second if you wait"
Kala torna-se perfeito em "Paper Planes", quando a voz de M.I.A. numa provocação infantil diz: "Some some some I some I murder Some I some I let go", valorizando igualmente ambas as acções, duas faces de uma moeda amoral. Como acredito na culpa pela passividade, canto com ela esta frase todas as vezes que olho para o noticiário e não distingo os mortos dos sobreviventes.
No filme "A Invasão", a Humanidade fica a um passo de ser tomada por um ectoplasma alienígena, capaz de transformar todos as pessoas numa única entidade conjunta, que é calma, racional e não violenta. Felizmente fabrica-se uma vacina que dá cabo do ectoplasma e o mundo volta a ser igual a si mesmo: violento, miserável, injusto, horrível. Fica a dúvida moral no fim do filme: será preferível o mundo descrito em Kala ou uma paz extraterrestre?
No entanto, para meu espanto, esta a dúvida foge-me da cabeça assim que inicío mais uma viagem solitária de transportes públicos ao som do MP3. Minto, cheguei recentemente à conclusão que é o MP3 que me transporta. Todos os dias de manhã sento-me em cima dele, cruzo as pernas, e apesar dos seus 3,3cm de largura por 6,5cm de comprimento e 1,2cm de altura, o Creative eleva-se meio metro acima do chão e leva-me onde quero. Com o bónus de dar-me música e de afugentar todas as minhas preocupações! Hoje são os Yo La Tengo que me fazem companhia com o seu "Mr. Tough", ao contrário do Senhor Rijo, a mim não me custa nada acreditar que tudo vai correr bem...
"Hey Mr. Tough
Don't you think we've suffered enough?
Why don't you meet me on the dancefloor
When it's time-to-time time?
And if you need to tell me something once
You won't have to say it twice
And if you ask for a nickel
I'm gonna hand you a dime (...)
Pretend everything can be alright"
sexta-feira, novembro 02, 2007
Agora, só para ter um aumento de nostalgia pelo vivido e pelo que não vivi...
...revia, de bom grado, este filme.
segunda-feira, outubro 29, 2007
Alvorada
Quantas mortes eram necessárias para um apocalipse? Que pergunta estúpida! Nunca precisara de conceitos para reagir às situações. Sempre tivera a razão e a emoção a andar a par e passo, água quente e fria que se misturavam num caudal morno, constante e responsável. Por isso estava viva e lúcida, por isso estava ali, sozinha, no cimo da falésia a ver o sol nascer.
Não vinha à procura de esperança, decidira-se apenas que necessitava de viver algo extraordinariamente belo. Estava cansada da angústia e dos choros repetidos que a tristeza e o horror traziam. Olhou para o horizonte, gradualmente o céu foi passando de preto para azul-escuro, roxo, vermelho, laranja, até que a primeira franja de sol despontou. A cara dela ficou iluminada e uma lágrima desprendeu-se cuidadosamente do olho esquerdo e escorregou bochecha abaixo. Fixou-se prolongadamente no mar enquanto mais e mais lágrimas caíram num choro contente e aliviado.
Passado algum tempo pôs-se de pé. Atrás dela a vila estendia-se a alguns quilómetros de distância. De longe, o perfil dos edifícios não anunciava a ausência de pessoas nem de sentidos, nada fazia querer que a civilização tinha deixado de existir. Isso pouco lhe interessava, em passos largos dirigiu-se de volta para sua casa, para dias e semanas de trabalho, cansaço e incertezas. A falésia e o sol viram-na ficar pequenina e desaparecer na paisagem. Ela, contudo, tinha guardado aquele lugar na sua mente, certificara-se que o amanhecer não estava estragado e iria voltar ali repetidamente.
Não vinha à procura de esperança, decidira-se apenas que necessitava de viver algo extraordinariamente belo. Estava cansada da angústia e dos choros repetidos que a tristeza e o horror traziam. Olhou para o horizonte, gradualmente o céu foi passando de preto para azul-escuro, roxo, vermelho, laranja, até que a primeira franja de sol despontou. A cara dela ficou iluminada e uma lágrima desprendeu-se cuidadosamente do olho esquerdo e escorregou bochecha abaixo. Fixou-se prolongadamente no mar enquanto mais e mais lágrimas caíram num choro contente e aliviado.
Passado algum tempo pôs-se de pé. Atrás dela a vila estendia-se a alguns quilómetros de distância. De longe, o perfil dos edifícios não anunciava a ausência de pessoas nem de sentidos, nada fazia querer que a civilização tinha deixado de existir. Isso pouco lhe interessava, em passos largos dirigiu-se de volta para sua casa, para dias e semanas de trabalho, cansaço e incertezas. A falésia e o sol viram-na ficar pequenina e desaparecer na paisagem. Ela, contudo, tinha guardado aquele lugar na sua mente, certificara-se que o amanhecer não estava estragado e iria voltar ali repetidamente.
segunda-feira, outubro 22, 2007
quinta-feira, outubro 11, 2007
Alcançar a imortalidade na Cidade Universitária
As conjunturas energéticas dos espaços são um assunto a discutir noutro post, mas as empatias que cada um desenvolve com cada local são pessoais, intransmissíveis e verdadeiras. Eu, cada vez que saio na estação do Metro da Cidade Universitária sou tomado por uma fúria de viver racionalista, positivista, humanista e outros "istas" da mesma estirpe... Não consigo evitar nem quero. Gosto do tom claro da estação, gosto do abertura da gare e do hall por cima, gosto do corredor que dá acesso à Aula Magna sempre percorrido por uma corrente de ar que me grita: "Sobe as escadas e vive!". Mas tudo isto seria insignificante se não fossem as duas citações que me acompanham sempre que desço ou saio daquele pedaço de terra:
"Não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo."
Sócrates (470 A.C. - 399 A.C.)
"Se eu não morresse nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"
Cesário Verde (1855 - 1886)
Fixo-me agora na segunda frase e na notícia que veio no Público de terça-feira relacionado com o Nobel da Medicina intitulado "Um dia vamos conseguir viver até aos 120 anos?". Nesta notícia fala-se de potenciais novas técnicas terapêuticas que poderão permitir-nos esticar a vida mais um pouco. Penso imediatamente no conceito de imortalidade, ideia que me seduz cada vez menos. Mas ao mesmo tempo revejo-me mentalmente a caminhar lado a lado com cada letra da frase de Cesário: "E e t e r n a m e n t e b u s c a s s e e c o n s e g u i s s e a p e r f e i ç ã o d a s c o i s a s!". É um objectivo de vida do tamanho das estrelas em que tenho mais gosto pelo "buscasse" do que pelo "conseguisse", mas é o "eternamente" que me dá o ardor na garganta. A ideia da busca pessoal e eterna pelo "melhor", no contexto universal de Sócrates, põe-me um sorriso na cara qualquer que seja a hora em que atravesso aquela estação.
"Não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo."
Sócrates (470 A.C. - 399 A.C.)
"Se eu não morresse nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"
Cesário Verde (1855 - 1886)
Fixo-me agora na segunda frase e na notícia que veio no Público de terça-feira relacionado com o Nobel da Medicina intitulado "Um dia vamos conseguir viver até aos 120 anos?". Nesta notícia fala-se de potenciais novas técnicas terapêuticas que poderão permitir-nos esticar a vida mais um pouco. Penso imediatamente no conceito de imortalidade, ideia que me seduz cada vez menos. Mas ao mesmo tempo revejo-me mentalmente a caminhar lado a lado com cada letra da frase de Cesário: "E e t e r n a m e n t e b u s c a s s e e c o n s e g u i s s e a p e r f e i ç ã o d a s c o i s a s!". É um objectivo de vida do tamanho das estrelas em que tenho mais gosto pelo "buscasse" do que pelo "conseguisse", mas é o "eternamente" que me dá o ardor na garganta. A ideia da busca pessoal e eterna pelo "melhor", no contexto universal de Sócrates, põe-me um sorriso na cara qualquer que seja a hora em que atravesso aquela estação.
terça-feira, outubro 09, 2007
segunda-feira, outubro 08, 2007
O Capacete Dourado
Echo And The Bunnymen - Ocean Rain
All at sea again
And now my hurricanes have brought down this ocean rain
To bathe me again
My ship's a sail
Can you hear its tender frame
Screaming from beneath the waves
Screaming from beneath the waves
All hands on deck at dawn
Sailing to sadder shores
Your port in my heavy storms
Harbours the blackest thoughts
As margens da fotografia fazem fronteira com a memória. Nela, afundas-te e expandes-te. Ouves os sons que no papel não vês, ouves a memória das vozes da juventude. Voltas a sentir o cheiro dos dias e das noites em que sonhavas com outro amanhecer...
O filme O Capacete Dourado está no cinema. Uma versão dos Ocean Rain dos Echo and the Bunnymen pode ser ouvida aqui.
All at sea again
And now my hurricanes have brought down this ocean rain
To bathe me again
My ship's a sail
Can you hear its tender frame
Screaming from beneath the waves
Screaming from beneath the waves
All hands on deck at dawn
Sailing to sadder shores
Your port in my heavy storms
Harbours the blackest thoughts
As margens da fotografia fazem fronteira com a memória. Nela, afundas-te e expandes-te. Ouves os sons que no papel não vês, ouves a memória das vozes da juventude. Voltas a sentir o cheiro dos dias e das noites em que sonhavas com outro amanhecer...
O filme O Capacete Dourado está no cinema. Uma versão dos Ocean Rain dos Echo and the Bunnymen pode ser ouvida aqui.
sexta-feira, outubro 05, 2007
Sobre o frio
- Tens frio?
Disse-lhe que sim, que tinha. Que o frio era uma constante no meu calendário. Iniciava-se por meados de Outubro e só abrandava nos últimos dias de Abril. Acrescentei ainda que a idade avançava e o número de dias sem frio era cada vez menor. Do que se concluia que no ano em que passasse o Verão com frio tinha oficialmente chegado à velhice...
- Tudo isso!? – respondeu-me com um ar admirado. - E o Aquecimento Global, não te anima?
- Zero. Antes pelo contrário, cada vez que ouço falar no dito percorre-me um arrepio na espinha!
Disse-lhe que sim, que tinha. Que o frio era uma constante no meu calendário. Iniciava-se por meados de Outubro e só abrandava nos últimos dias de Abril. Acrescentei ainda que a idade avançava e o número de dias sem frio era cada vez menor. Do que se concluia que no ano em que passasse o Verão com frio tinha oficialmente chegado à velhice...
- Tudo isso!? – respondeu-me com um ar admirado. - E o Aquecimento Global, não te anima?
- Zero. Antes pelo contrário, cada vez que ouço falar no dito percorre-me um arrepio na espinha!
quinta-feira, outubro 04, 2007
Sputnika-me!
A Era Espacial começou há 50 anos! Hoje sonhamos com Marte, mas naquela altura um satélite no ar a fazer beep beep para a Terra foi um salto gigante para a Humanidade. A ex URSS deu o pontapé de saída com o Sputnik. Menos de um mês depois, a 3 de Novembro de 1957 o Sputnik 2 sai disparado, agora com um animal. Pobre Laika...
Post patrocinado por Astronomy Picture of the Day!
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quinta-feira, setembro 27, 2007
Proibira-se dos voos directos. Assustava-se com o Second Life e tinha-se apaixonado pelo Google Earth. Fazia todas as viagens por etapas, com escalas, paragens, descansos. Decidira há muito que os destinos só por si eram insuficientes, irreais. Que na palavra ida havia quilómetros de ar, terra, árvores e pessoas, que cada uma podia ser um lugar e uma chegada, que todo o futuro estar é definido por um ir. Desprezava as pessoas que formavam um mapa mental do mundo através de pontos isolados e perdia-se nos relevos mais ou menos detalhados do Google Earth, acrescentando sempre que podia fotografias de locais por onde tinha passado. Ficava angustiado quando entrava numa auto-estrada e olhava para a paisagem a passar, rápida, terrível. Percorria-lhe a dúvida de tudo ser um cenário virtual e só sobrevivia à experiência com a ilusão de que um dia todo aquele terreno iria ser palmilhado pelos seus pés...
sábado, setembro 22, 2007
Something always change
A tectónica de placas é uma teoria recente, não tem mais de meio século e é para a Geologia o que a teoria de evolução de Darwin é para a Biologia. É tão abrangente que explica sismos, vulcões, o ciclo das rochas, a formação de ilhas, de montanhas, de mares, de oceanos, de tudo. É uma teoria complexa, com algumas pontas soltas, em desenvolvimento e fascinante.
Em linhas muito gerais, defende que a crosta terrestre é formada por placas continentais e oceânicas que se movem devido ao calor interno da Terra e à produção e destruição de crosta nas extremidades das placas.* Com esta teoria percebeu-se que os continentes já estiveram pegados num super continente chamado Pangéia e adivinha-se que voltarão a estar juntos daqui a 250 milhões de anos, como a fotografia acima mostra.
Mirem com atenção e podem ver Portugal no Pólo Norte. Tenho sérias dúvidas de que algo parecido com a humanidade ainda exista, mas ainda assim, se miraculosamente conseguirmos entrar numa autogestão ascendente de espécie, está garantido que a Terra vai oferecer-nos momentos hilariantes de natureza geológica. Teremos um futuro cheio de mudanças geopolíticas...
Este é mais um post patrocinado por Astronomy Picture of the Day!
* A minha explicação da tectónica de placas é assumidamente pobre. Quem quiser saber mais, dê um salto aqui.
Em linhas muito gerais, defende que a crosta terrestre é formada por placas continentais e oceânicas que se movem devido ao calor interno da Terra e à produção e destruição de crosta nas extremidades das placas.* Com esta teoria percebeu-se que os continentes já estiveram pegados num super continente chamado Pangéia e adivinha-se que voltarão a estar juntos daqui a 250 milhões de anos, como a fotografia acima mostra.
Mirem com atenção e podem ver Portugal no Pólo Norte. Tenho sérias dúvidas de que algo parecido com a humanidade ainda exista, mas ainda assim, se miraculosamente conseguirmos entrar numa autogestão ascendente de espécie, está garantido que a Terra vai oferecer-nos momentos hilariantes de natureza geológica. Teremos um futuro cheio de mudanças geopolíticas...
Este é mais um post patrocinado por Astronomy Picture of the Day!
* A minha explicação da tectónica de placas é assumidamente pobre. Quem quiser saber mais, dê um salto aqui.
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sexta-feira, setembro 21, 2007
quinta-feira, setembro 20, 2007
A prova acabada que não existe deus
Morremos e as nossas unhas continuam a crescer. Idiotas! Que pensam elas? Que vão enterrar-se até à superfície? Que fogem da vergonha?
Prefiro ser queimado.
Prefiro ser queimado.
quarta-feira, setembro 19, 2007
À beira de um home-depressing moment, vou ver as estrelas para Lisboa. :P
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Olhei para o lado. Ao longe a rua descia, o taxi não me deixou focar muito tempo o ponto mas foi o suficiente. Mentalmente fixei-me na curva que já não se via, na vegetação densa que já não existia, no fim de tarde quente em que o meu irmão me ensinou a andar de bicicleta naquela rua. Era um entardecer de Primavera, daqueles em que o sol estava prometido para o dia seguinte.
Em Setembro, tenho saudades de Maio.
Em Setembro, tenho saudades de Maio.
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domingo, setembro 16, 2007
Sim, é verdade, estavam dois caracóis a dar uma queca no Incógnito
A rentrée.
Não foi o começo das aulas ou do trabalho, nem as folhas caídas das árvores. A minha rentrée foi definida pela ida a locais conhecidos, nocturnos, com música e gente bonita, com amigos e conversa boa. As noites de sexta e sábado foram isso mesmo. Palmilhar ruas tantas vezes palmilhadas, atravessar portas antigas, respirar ambientes familiares, falar desbragadamente sem medo das paredes que por esta altura já ouviram todos os nossos segredos.
Por tudo isto, sexta e sábado acabaram no Incógnito. Onde mais? Descer a rua, à esquerda, uma porta preta, uma troca de "boas noites" e um sorriso. Do lado de lá, um espaço vermelho e negro com a música certa para os ouvidos. Sexta o local estava mais cheio e com pior música, mas sábado, foi a melhor visita dos últimos tempos. Dançar até morrer - a melhor rentrée...:)
Mano, quando é a próxima? ;)
segunda-feira, agosto 27, 2007
Por onde vou passando
Fui. Vim. Vou e hei-de vir para tornar a ir e finalmente voltar e ficar. Nos intervalos fui deixando. Deixei de estar, de pensar, de arrumar, de postar, de fazer. Fui me deixando aos poucos, em metades, por onde ia passando. Correndo o risco de acabar num ponto infinitamente pequeno no meio da minha memória, do meu passado e futuro.
Volto em Setembro com a vã esperança que depositamos em todos os Verões, voltar renovado.
Volto em Setembro com a vã esperança que depositamos em todos os Verões, voltar renovado.
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terça-feira, agosto 14, 2007
quarta-feira, agosto 08, 2007
Smile and wave...
... or the 3 new Ss - simplicity, spontaneousity and stupidity
... or "really? no joking!?..."
Fighting for a new me. Mode on.
... or "really? no joking!?..."
Fighting for a new me. Mode on.
Aqui mandó marinheiro
Obrigado pelas palavras da outra noite STOP Significaram muito STOP É sempre um prazer esbarrar contigo por essas noites fora STOP A sério STOP Keep in touch STOP :) STOP
segunda-feira, agosto 06, 2007
O mundo cosmopolita do século XXI está patente na minha sala. A antiga empregada cá de casa, Angolana, acabou de entrar para visitar a minha avó, Portuguesa, e deu um beijinho à actual empregada que temos, originária da Geórgia. Neste momento estão todas em amena cavaqueira. Resolvi fugir da sala, corria o risco de me emocionar com tanta modernidade junta! Aqui, posso escrever estas linhas e continuar a ouvir os risos delas...
The National - Sudoeste
Dois problemas:
O Matt Berninger estava demasiado bêbado.
Eu estava demasiado consciente.
O Matt Berninger estava demasiado bêbado.
Eu estava demasiado consciente.
sexta-feira, agosto 03, 2007
Eu que me estou sempre a cortar...
... de ir ao Porto, por estupidez assumida, desta vez é que é! :)
Dali no Palácio do Freixo, 250 obras!
Via Gelado de Groselha.
Dali no Palácio do Freixo, 250 obras!
Via Gelado de Groselha.
Não ando à procura de uma experiência espiritual, mas descortinar linha a linha oitocentas e muitas páginas sobre Alexandria - onde o pó, o suor e os corpos são imagens que afloram recorrentemente à cabeça, em pleno Agosto, no meu sótão, sob o risco de desidratar, ter febres e delirar, pode muito bem acabar nisso...:P
Recomeçar,
quinta-feira, agosto 02, 2007
Sinonímias
O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (O que estava mais à mão, do meu lado direito. Tinha olhado primeiro para o Priberam mas pareceu-me pobre), diz que:
Snobismo: 1 atitude de quem despreza o relacionamento com gente humilde e imita, geralmente de maneira afectada, o gosto, o estilo e as maneiras de pessoas de prestígio ou alta posição social, e/ou assume ares de superioridade a propósito de tudo. 1.1 sentimento de superioridade exacerbado. 1.2 gosto excessivo, geralmente afectado, pelo que está na moda, inclusive trivialidades.
Elitismo: 1 liderança ou domínio por parte de uma elite 2 crença na legitimidade dessa liderança ou domínio e defesa dos seus valores e prerrogativas 3 consciência de ser elite ou membro de uma elite 4 descriminação social e/ou cultural que resulta do elitismo // política que visa antes de tudo à formação e selecção de uma elite intelectual, de sentido pejorativo.
(Sendo elite: 1 o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente num grupo social 2 minoria que detém o prestígio e o domínio sobre grupo social.)
Superioridade: (o 1 e o 2 não estão dentro do contexto) 3 característica do que se julga melhor do que os outros.
Isto tudo devido a uma conversa mais ou menos acesa acerca dos conceitos acima, do que se é e do que não se é, daquilo que é legítimo ser, daquilo que é horrível ser-se... Onde acaba o direito de escolher e começa o comportamento elitista? quando é que se passa a ser snob? quando é que a superioridade acaba por descambar no desrespeito? quando é que atravessamos a linha ténue de mostrar uma opinião para passarmos a impor essa opinião? Como nos comportamos relativamente ao mainstream? A discussão esteve sobretudo focada na música, mas foi bater a outras portas...
Snobismo: 1 atitude de quem despreza o relacionamento com gente humilde e imita, geralmente de maneira afectada, o gosto, o estilo e as maneiras de pessoas de prestígio ou alta posição social, e/ou assume ares de superioridade a propósito de tudo. 1.1 sentimento de superioridade exacerbado. 1.2 gosto excessivo, geralmente afectado, pelo que está na moda, inclusive trivialidades.
Elitismo: 1 liderança ou domínio por parte de uma elite 2 crença na legitimidade dessa liderança ou domínio e defesa dos seus valores e prerrogativas 3 consciência de ser elite ou membro de uma elite 4 descriminação social e/ou cultural que resulta do elitismo // política que visa antes de tudo à formação e selecção de uma elite intelectual, de sentido pejorativo.
(Sendo elite: 1 o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente num grupo social 2 minoria que detém o prestígio e o domínio sobre grupo social.)
Superioridade: (o 1 e o 2 não estão dentro do contexto) 3 característica do que se julga melhor do que os outros.
Isto tudo devido a uma conversa mais ou menos acesa acerca dos conceitos acima, do que se é e do que não se é, daquilo que é legítimo ser, daquilo que é horrível ser-se... Onde acaba o direito de escolher e começa o comportamento elitista? quando é que se passa a ser snob? quando é que a superioridade acaba por descambar no desrespeito? quando é que atravessamos a linha ténue de mostrar uma opinião para passarmos a impor essa opinião? Como nos comportamos relativamente ao mainstream? A discussão esteve sobretudo focada na música, mas foi bater a outras portas...
quarta-feira, agosto 01, 2007
Este moço,
... tem um novo álbum agendado para 25 de Setembro, chamado Smokey Rolls Down Thunder Canyon, desta vez Devendra Banhart até canta em Português. Passei pelo myspace dele para ouvir o que nos espera e não há dúvida, o senhor continua a produzir material bom. Recomenda-se o tema Tonada Yanomaminista (alguém me traduz o significado?!). Todas as sextas-feiras ficam disponíveis duas músicas novas, até o álbum sair. Por isso, aproveitem!
Campismo e arredores
Foram os detalhes que me chamaram a atenção. A mão que segurava no corpo esguio do copo de vinho branco, o cabelo grisalho do homem sentado no sofá da sala, as calças que terminavam nos pés descalços que não tocavam no chão, o galgo deitado com o ar reverente dos galgos, a tarde a pôr-se... A sala estava a meia luz, não percebi se o homem estava a olhar cá para fora ou para algum objecto no outro extremo da pequena sala. Mas o conjunto pareceu-me irreal, no meio das centenas de casas brancas de contraplacado, cheias de famílias - Pai, Mãe, Avós e Netos envolvidos em barulhos e cozinhados, aquele homem era a antítese do parque. Naquela esquina a vida era temperada de outra forma, o tempo trabalhava a favor, o dia estava cheio de rituais e respirações. O homem tinha outro ritmo, a sabedoria parecia estar do lado dele.
Os parques de campismo são um caldo rico para qualquer observador. Passei o fim-de-semana passado a fazer campismo virado para o mar. Mas em terra não pude deixar de notar no universo denso que a vida de um parque de campismo constrói. Este foi apenas um pormenor.
Os parques de campismo são um caldo rico para qualquer observador. Passei o fim-de-semana passado a fazer campismo virado para o mar. Mas em terra não pude deixar de notar no universo denso que a vida de um parque de campismo constrói. Este foi apenas um pormenor.
Relembrem-se de um Verão qualquer dos anos 70, falo dos anos 70 porque não estava vivo. Por isso posso recordar de uma forma cristalina as sensações que quero. Dos filmes, das iconografias, das longas imagens de uma praia quente, com tons pálidos mas preenchida por sensações cheias. Onde a cor e o preto e branco se misturam criando um mood único. O "Lust" dos The Raveonettes pôs-me assim, nostálgico por esse Verão dos anos 70. Ou será que foi dos anos 60? Não sei. Entretanto, fico à espera do novo álbum da banda.
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quinta-feira, julho 26, 2007
Summer, holidays - Beach!
Segundo o weather do yahoo, os próximos quatro dias vão estar soalheiros, com as respectivas temperaturas, para um local próximo do sítio onde vou estar: 29º, 31º, 34º, 34º (tive que converter o valor para celsius - se-ca!). Não, reparem, isto são temperaturas de Verão! :D Sou um sortudo! Vai ser areia, ondas e repouso. Levo quatro pilhas AAA para alimentar o meu creative, levo boa disposição, livros, o Uno, protector e etc, muito etc... (mmmhh, isto pertencia a uma publicidade qualquer). Volto segunda, com posts fresquinhos.
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terça-feira, julho 24, 2007
Música, adolescência e os 90's
Os meus anos 90 não foram os do Grunge, foram outros. Lembro-me da morte do Kurt Cobain ainda ia eu no meu longínquo 6º ano - cheio de correria e de simplicidade. A morte do vocalista dos Nirvana não me pôs a chorar nem retirou a minha fé na humanidade como fez ao Nate Fisher - soou somente distante mas com a necessidade real de um "A sério?", como tinha ocorrido três anos antes com a morte do vocalista dos Queen - esta bem diferente, mas que eu, na minha inocência dos 11 anos, tinha posto tudo no mesmo saco.
Os anos 90 foram correndo, e só três anos mais tarde, já afagado pelos sobressaltos da adolescência é que me veio parar à mão uma cassete gravada (ah, esses tempos...!) do Nevermind. A voz do Kurt Cobain entrou finalmente no meu quarto, mas sejamos honestos, com muito menos impacto do que uma Alanis Morissette ou do que um Leonard Cohen (a primeira tornou-se alvo de obsessão com o seu Jagged Little Pill, o segundo pus para contrabalançar e não mostrar só o meu lado semi-piroso de pré-adolescente).
Isto tudo porque, à conta do último álbum de família da radar - o In Utero, dos Nirvana, não pude deixar de pensar no facto do Grunge me ter passado ao lado, embora tenha tocado de perto muito boa gente da minha idade e que me rodeava. A minha energia teenager iria encontrar outra fonte de obsessão e de descoberta, que me deu para horas de reflexão, de olhar vítreo e de admiração extraordinária.
Estava a meio do secundário, quando a proximidade da produção de uma peça de teatro chamada "Cowboy Mouth", de Sam Shepard, veio tirar o pó a uma data de discos de vinil antigos que pertenciam aos meus irmãos, nomeadamente do David Bowie, e ao gira-discos que existia cá em casa. A iconografia só por si já valia a pena, mas toda aquela música do princípio dos anos 70, associada ao Glam rock, veio tocar no nervo certo. Foram dois ou três anos a descobrir a discografia do Bowie (que não parou, para bem da minha sanidade mental, no Glam), outros autores da geração, a onda neo-glam com os Placebo e os Suede e o Velvet Goldmine - o filme mítico de Todd Haynes. Passei o 12º ano a estudar para os exames e a ouvir os vinis do Bowie, lembro-me das noites frias de Inverno (valentes frieiras que apanhei nesse ano!), a parar o estudo, ir até ao gira-discos, virar o disco, pôr play, acertar agulha e começar a ouvir - "This ain't rock'n'roll. This is genocide!", Diamond Dogs in loop - how cool is that?
segunda-feira, julho 23, 2007
Pala, esta é p'a ti
Cinco livros em corrente, certo? *Sigh* Ando tão desinteressante que três deles são técnicos, o quarto uma releitura e o outro é um comics, do Capitão America, mas ganho pontos por ser a edição americana paperback.
Lá vai:
O que é o jornalismo - Nelson Traquina
Sobre a Televisão - Peter Bourdieu
Jornalismo: Questões, Teorias e "estórias" - Nelson Traquina
Os Despojados - Ursula Le Guin, Ficção Científica da boa!
Winter Soldier vol 1 - Ed Brubaker, Comics dos Bons!
Os livros técnicos, são... livros técnicos. :P Não falemos sobre isso. A Ursula Le Guin é espectacular. O Capitão America depara-se com um big issue.
Gente, estou com baixas capacidades para escrever. Hoje fico por aqui.
Lá vai:
O que é o jornalismo - Nelson Traquina
Sobre a Televisão - Peter Bourdieu
Jornalismo: Questões, Teorias e "estórias" - Nelson Traquina
Os Despojados - Ursula Le Guin, Ficção Científica da boa!
Winter Soldier vol 1 - Ed Brubaker, Comics dos Bons!
Os livros técnicos, são... livros técnicos. :P Não falemos sobre isso. A Ursula Le Guin é espectacular. O Capitão America depara-se com um big issue.
Gente, estou com baixas capacidades para escrever. Hoje fico por aqui.
sexta-feira, julho 20, 2007
Ouvir...
... o "Not even jail" dos Interpol e olhar para o amanhecer, através da janela, é uma óptima maneira de se começar o dia. :)
quinta-feira, julho 19, 2007
Peter, Bjorn & John em Paredes de Coura
Via blitz. Buãhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
quarta-feira, julho 18, 2007
terça-feira, julho 17, 2007
Os outros
Tenho tendência para me deixar hipnotizar por tudo aquilo que me fascina. Às vezes toca na obsessão. Mas tento guardar para mim esses lugares mentais, para não chatear os outros, se calhar sem sucesso. Quem me conhece sabe do que eu sinto por esta série. É só um exemplo, entre muitos. Apesar de gostar que as outras pessoas tenham fascínios comuns, vou tentando libertar-me dessas pequenas angústias... Entretanto, mesclo-me com aquilo que me hipnotiza, sinto, emociono-me, vivo com essas mensagens repetidas que não me canso. Tenho a secreta fantasia de que quanto mais tempo gastar a absorver um objecto, mais pormenores retenho, mais o compreendo e mais me compreendo.
E os outros?
Os outros são muitos. Dividem-se em muitas células. Família, amigos, amigos que são família, amigos mais longínquos, conhecidos, conhecidos com um desejo secreto de passarem a ser amigos, antigos amigos que deixaram do o ser, desconhecidos, família afastada, gente que não queremos ver por perto, gente indiferente, conhecidos de uma só noite, conhecidos com quem se está sempre bem, desconhecidos que já foram incrivelmente próximos, etc, um etc vasto.
E os outros?
Descobri à relativamente pouco tempo que os outros podem tornar-se objecto real e fascinarem-me da mesma forma. Não quero coleccionar outros, acho horrível coleccionar pessoas, as pessoas são livres, são para verem e serem vistas, são para existirem - uma autonomia integrada num mundo. E este fascínio quer transformar-se em afecto mas pode não acontecer, assim como o afecto que tenho por pessoas não significa necessariamente fascínio.
Essas tais pessoas, vejo-as com uma nitidez absurda. São completas em detalhes. São detalhadas. Mostram no rosto, nos gestos, naquilo que vestem, nas ideias que dizem, densidades coloridas, com formas entrecruzadas, que se deformam mutuamente. Vêem e olham e retiram pormenores que usam e transformam, que agregam e projectam. São um imaginário. Andam únicas pelas ruas, constroem-se. Estão vivas. Tornam o que está morto, incandescente, dão um motivo para que o que está morto, exista.
Continuam a ser pessoas, com defeitos e feitios. Mas vê-las e revê-las é sempre um prazer... Com um bocado de sorte mantêm-se assim até ao final da sua vida.
E os outros?
Os outros são muitos. Dividem-se em muitas células. Família, amigos, amigos que são família, amigos mais longínquos, conhecidos, conhecidos com um desejo secreto de passarem a ser amigos, antigos amigos que deixaram do o ser, desconhecidos, família afastada, gente que não queremos ver por perto, gente indiferente, conhecidos de uma só noite, conhecidos com quem se está sempre bem, desconhecidos que já foram incrivelmente próximos, etc, um etc vasto.
E os outros?
Descobri à relativamente pouco tempo que os outros podem tornar-se objecto real e fascinarem-me da mesma forma. Não quero coleccionar outros, acho horrível coleccionar pessoas, as pessoas são livres, são para verem e serem vistas, são para existirem - uma autonomia integrada num mundo. E este fascínio quer transformar-se em afecto mas pode não acontecer, assim como o afecto que tenho por pessoas não significa necessariamente fascínio.
Essas tais pessoas, vejo-as com uma nitidez absurda. São completas em detalhes. São detalhadas. Mostram no rosto, nos gestos, naquilo que vestem, nas ideias que dizem, densidades coloridas, com formas entrecruzadas, que se deformam mutuamente. Vêem e olham e retiram pormenores que usam e transformam, que agregam e projectam. São um imaginário. Andam únicas pelas ruas, constroem-se. Estão vivas. Tornam o que está morto, incandescente, dão um motivo para que o que está morto, exista.
Continuam a ser pessoas, com defeitos e feitios. Mas vê-las e revê-las é sempre um prazer... Com um bocado de sorte mantêm-se assim até ao final da sua vida.
quinta-feira, julho 12, 2007
ness
Gosto do "ness" inglês que dá para acrescentar a qualquer adjectivo e inventar um novo estado de alma. Há o "coolness", o "tenderness", o "bitchness", etc, etc... Qualquer palavra ness não precisa de mais nada para significar uma sensação. Aliás, não sei porque é que não inventeram t-shirts só com este tipo de palavras... "Hoje sinto-me um gajo cool!" - toca a pôr a t-shirt lilás, com letras em prateado a dizer "Coolness". Estas cores dariam mais para um "Kitchness", ou "Tastelessness", não sei... E depois, facilmente poderiamos produzir estados de espírito mais complexos, como "sadness" com "boringness", que traduz muito bem aqueles finais de tarde de domingo, em que o desalento e a preguiça transformam-se num je ne sais quois depressivo. E acabamos em frente à televisão a ver o primeiro programa que aparece com uma sensação de repugnância, que nunca temos a certeza se é em relação ao programa ou a nós mesmos - "discustingness", neste caso.
Esta conversa toda para dizer que eu hoje sinto, vá, uma certa "loneliness", com "worriness" e "tiredness". E isto está tudo a um grau de se transformar em "desperateness". Mas pronto, amanhã será outro dia. Há que cultivar o "tomorrowness" que há em nós...
Esta conversa toda para dizer que eu hoje sinto, vá, uma certa "loneliness", com "worriness" e "tiredness". E isto está tudo a um grau de se transformar em "desperateness". Mas pronto, amanhã será outro dia. Há que cultivar o "tomorrowness" que há em nós...
domingo, julho 08, 2007
Então e o SBSR?
Bem, por onde começo? Houve os concertos, houve o alcatrão imenso, houve o palco, houve o assobio dos Peter, Bjorn and Jonh over and over, houve os Scissor Sisters (que mais uma vez, alguém se baldou...), houve os gajos que andavam carregados com cerveja, houve os encontros e desencontros com as pessoas, houve os pés doridos, houve as WCs (que até estavam em bom estado), houve os ausentes, houve os The Gossip (A gossipa rules!), houve gritos como "Chuchu!", houve químicos, houve bifanas para jantar, houve o sapo, houve ofertas de música por telefonema, houve Clap your Hands and Say Yeah - Yeah!, houve as mensagens por telemóvel a dizer "Estou do lado esquerdo, perto do corredor central a três metros do palco.", houve aqueles que não conhecemos mas que os vemos todos os dias, houve bolinhas de sabão, houve companhia, houve os Interpol (snobs que não cantaram o C'mere - não, a sério, Interpol foi brutal! eu sou daqueles que gosta de ouvir as músicas iguais ao álbum e passar pela mesma paleta de emoções, mas agora rodeado de gente...), houve a frase "Ganda concerto!" umas quantas vezes, houve conversas animadas nas idas e vindas de casa, houve boleias, houve muitos "Obrigado!" com accent, houve silhuetas de mulheres que não paravam de dançar - o Okereke até fez uma piada engraçada com isso, houve os encontros no lado esquerdo, houve desencontros no lado esquerdo, houve o brinde mais divertido que eu vi feito com quatro chupa-chupas, houve Arcade Fire (eles voltam e eu vou vê-los! De-mais!), houve gente que já não via há dois anos, houve pessoal com cartazes a dizer coisas estranhas, houve a necessidade de comprar roupa, houve bom ambiente, houve uma ligação emocional com o espaço (mesmo que o festival só tenha durado três dias), houve LCD Soundsystem, houve LCD Soundsystem, houve LCD Soundsystem... "New York I Love You But You're Bringing me Down!".
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quinta-feira, junho 28, 2007
The Doors
Não acredito no lagarto do Jim Morrison, é uma farsa. Apesar disso, os anos passam e eu continuo a ser penetrado pela sua música. Aonde quer que esteja, as canções dos The Doors libertam sonhos, despoletam acções. O órgão, a voz, os sobressaltos na melodia, o poder das letras mantêm-me fascinado, absorvido, invadido por uma ambiência etérea. Como se todas as drogas tomadas pelo Morrison tivessem ficado presas nas canções que produziu.
Volto a ouvir as músicas e sonho com fogueiras ao relento, vozes dispersas, grãos de areia, a noite, olhos vítreos, relances e deuses perdidos. As canções esbatem-se contra o vento, e soam cada vez mais distantes, cada vez mais entranhadas na terra e no ar. Ao longe vejo um lagarto, a cabeça de um lagarto talvez, o sinal de fogo da insanidade. Não reajo, é mítico e inconsequente. Mas não censuro a sua presença, a música aproximou-o...
quarta-feira, junho 27, 2007
Tira-me do sério...
... esta questão do café. Estava para fazer um post deprimente com a Aimee Mann pelo meio e agora não consigo devido à bica que tomei. Tenho que esperar que o nível de serotonina baixe...:P
terça-feira, junho 26, 2007
Tenho procurado diariamente...
...antecipar a chegada do Verão. Vou todos os dias ao site da Instituto de Meteorologia, e vejo logo a previsão para os próximos dois dias. E nada! Rien! Sempre as mesmas secas de temperaturas que rondam os 24º de máxima e nunca ultrapassam os 26º Celsius. Porra! Verão que é Verão chega aos 30º, pelo menos! Venha a chuva, que faz bem à clorofila, mas nos entremeios que venha também o calor! Tenho dito.
É que mais uns dias assim e já não faz sentido cantar a música dos The Doors "Summer's almost gone" (que guardo religiosamente para a segunda semana de Setembro). Como "almost gone" se ele nem sequer aparece?! Grrrr...:P
É que mais uns dias assim e já não faz sentido cantar a música dos The Doors "Summer's almost gone" (que guardo religiosamente para a segunda semana de Setembro). Como "almost gone" se ele nem sequer aparece?! Grrrr...:P
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quinta-feira, junho 21, 2007
O prolongamento do universo
Nunca perdia o amanhecer nem o anoitecer. Davam-lhe movimento, ritmo, envelheciam-na. Os dois momentos diários tinham a particularidade de serem sempre diferentes, com tons, cores, matizes, que se renovavam em quadros únicos sucessivos. Ela perdia-se naquela lição de astronomia repetida, em que o sol fazia de astro professor... Não experimentava nenhuma epifania, somente a beleza brutal do exterior que condensava a razão e a emoção em lágrimas. Dava graças ter nascido no século XX, a compreensão científica do que se passava unificava-a com o momento, enquadrava-a. Fazia parte de uma bola rochosa com quilómetros de diâmetro e era na mistura entre o dia e a noite que a sua existência se prolongava e ficava abarcada pelo universo...
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segunda-feira, junho 18, 2007
Proposta:
praia, descanso, descanso, descanso, praia, praia, praia, descanso, repouso, praia, ondas, banho, descanso, descanso, praia, praia, praia, descanso, praia. E, eventualmente, se for possível e houver um conjuntura astrológica favorável, estar com os amigos.
sábado, junho 16, 2007
Em Junho de 2008
poucos se lembravam das últimas chuvas que tinham ocorrido há um ano. Os campos estavam mirrados e o ar carregava o tom amarelado do pó. Cada centimetro quadrado do continente era fustigado pelo sol constante, que deixava as barragens cada vez mais vazias, e as horas que os canos das casas davam água diminuiam de mês para mês. O céu azul era odiado, todos os dias não havia cabeça que não olhasse para cima à procura de uma nuvenzinha que fosse...
Faltava uma semana para o começo do Verão, dizia-se que ia ser longo, quente e seco. Outubro parecia ser uma meta impossível e já ninguém prometia nada.
Faltava uma semana para o começo do Verão, dizia-se que ia ser longo, quente e seco. Outubro parecia ser uma meta impossível e já ninguém prometia nada.
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sexta-feira, junho 15, 2007
Sobre o aluno que esfaqueou o professor na Universidade do Minho. Se fosse nos EUA, com certeza haveria uma arma em vez de uma faca, e com uma grande probabilidade um assassíno e uma vítima. A responsabilidade da acção não deixaria de ser do interveniente, mas, ainda bem que em Portugal o estado dificulta muito mais o uso legal de armas.
M96 é uma galáxia em espiral...
... e podem ficar a saber muito mais coisas sobre esta fotografia aqui. Tenho ido todos os dias ver a Astronomy Picture of the Day. Começo a pensar se não será patológico. É um belo sistema de fuga, o espaço (fuga mental, só!)... Qualquer dia estou a cantar a música dos Garbage "The World is not enough"...*explosão*
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quinta-feira, junho 14, 2007
A cadeira abandonada de Andrew Bird
Só consigo sentir as membranas das minhas células. Estão inchadas e vibram, apertadas. Não deixam nenhuma ideia soltar-se, só o choro impede o meu cérebro de explodir... Lá ao longe continuo a ouvir uma ave a cantar. Não voa, mas canta tão certeira e atenta, tão sólida que me inutiliza. Gasto a energia que me resta a tentar compreendê-la. Sei, como se do passado tratasse que me perdi na última lágrima que vou deitar. Ficarei imóvel e vazio para sempre. Uma entidade oca a olhar para um pássaro.
quarta-feira, junho 13, 2007
Comparações estilísticas
terça-feira, junho 12, 2007
Language
Num dos momentos mais belos do filme "Shortbus", o antigo Mayor de Nova York é perdoado com um beijo. Perdoado por representar o medo de uma década coberta por uma nuvem negra, por um pesadelo. O medo que nasce sempre com o desconhecido.
"Everybody knew so little then... I know even less, now."
Durante toda essa sequência, Scott Matthew (dono de vários temas da banda sonora e participante as one of the Shortbus House Band no filme) canta uma canção lindíssima de dor, preenchida por uma mágoa profunda e esquecida. Chama-se "Language". Pode ser ouvida aqui.
"Everybody knew so little then... I know even less, now."
Durante toda essa sequência, Scott Matthew (dono de vários temas da banda sonora e participante as one of the Shortbus House Band no filme) canta uma canção lindíssima de dor, preenchida por uma mágoa profunda e esquecida. Chama-se "Language". Pode ser ouvida aqui.
terça-feira, maio 29, 2007
terça-feira, maio 22, 2007
Physical Breakdown...
... ou o Super Bock* tem quatro dias e eu vou a três.
28 de Junho
Metallica (22h45 - 01h30)
Joe Satriani (20h50 - 22h05)
Stone Sour (19h40 - 20h30)
Mastodon (18h20 - 19h10)
Blood Brothers (17h30 - 18h00)
More Than A Thousand (16h45 - 17h15)
Men Eater (16h00 - 16h30)
Este belo verde-alface-estridente indica que: "couldn't care less".
Passemos ao que importa:
3 de Julho
Arcade Fire (00h00 - 01h30)
Bloc Party (22h25 - 23h40)
The Magic Numbers (21h05 - 22h05)
Klaxons (19h45 - 20h45)
The Gift (18h35 - 19h25)
Bunnyranch (17h30 - 18h15)
Banda Pre-Load (17h00 - 17h15)
Descansa-se em Magic Numbers. Parece-me bem.
4 de Julho
LCD Soundsystem (00h20 - 01h35)
The Jesus and Mary Chain (22h45 - 00h00)
Maxïmo Park (21h25 - 22h25)
The Rapture (20h05 - 21h05)
Clap Your Hands Say Yeah (18h45 - 19h45)
Linda Martini (17h45 - 18h25)
Mundo Cão (17h00 - 17h30)
Ah... Prevejo sair daqui um pouco partido.
5 de Julho
Underworld (00h45 - 02h00)
Interpol (23h05 - 00h25)
Scissor Sisters (21h20 - 22h35)
TV On The Radio (20h10 - 21h00)
The Gossip (19h05 - 19h50)
X-Wife (18h10 - 18h50)
Micro Audio Waves (17h35 - 17h55)
Anselmo Ralph (17h00 - 17h20)
You know... I wanna my bed!:P
Sexta-feira, dia 6, vemo-nos no Incógnito? Sei lá... para partilhar fotos e um pé de dança.
* Horário do Super Bock, via Blitz.
28 de Junho
Metallica (22h45 - 01h30)
Joe Satriani (20h50 - 22h05)
Stone Sour (19h40 - 20h30)
Mastodon (18h20 - 19h10)
Blood Brothers (17h30 - 18h00)
More Than A Thousand (16h45 - 17h15)
Men Eater (16h00 - 16h30)
Este belo verde-alface-estridente indica que: "couldn't care less".
Passemos ao que importa:
3 de Julho
Arcade Fire (00h00 - 01h30)
Bloc Party (22h25 - 23h40)
The Magic Numbers (21h05 - 22h05)
Klaxons (19h45 - 20h45)
The Gift (18h35 - 19h25)
Bunnyranch (17h30 - 18h15)
Banda Pre-Load (17h00 - 17h15)
Descansa-se em Magic Numbers. Parece-me bem.
4 de Julho
LCD Soundsystem (00h20 - 01h35)
The Jesus and Mary Chain (22h45 - 00h00)
Maxïmo Park (21h25 - 22h25)
The Rapture (20h05 - 21h05)
Clap Your Hands Say Yeah (18h45 - 19h45)
Linda Martini (17h45 - 18h25)
Mundo Cão (17h00 - 17h30)
Ah... Prevejo sair daqui um pouco partido.
5 de Julho
Underworld (00h45 - 02h00)
Interpol (23h05 - 00h25)
Scissor Sisters (21h20 - 22h35)
TV On The Radio (20h10 - 21h00)
The Gossip (19h05 - 19h50)
X-Wife (18h10 - 18h50)
Micro Audio Waves (17h35 - 17h55)
Anselmo Ralph (17h00 - 17h20)
You know... I wanna my bed!:P
Sexta-feira, dia 6, vemo-nos no Incógnito? Sei lá... para partilhar fotos e um pé de dança.
* Horário do Super Bock, via Blitz.
segunda-feira, maio 21, 2007
"Fomos todos paridos do Ziggy."
A punch-drunk-sentence da semana. Parida já lá vai uns meses. Aqui.
"Dark Matter Ring Modeled around Galaxy Cluster CL0024+17" - é o título da imagem de 16 de Maio do site Astronomy Picture of The Day, dada a conhecer aqui. Cliquem na imagem. "Galaxy Cluster" - you know? A minha mão esquerda como o ziggy "pariu" mais uma boa porção de malta por aí... Estou farto deste umbiguismo terráqueo, quero conhecer cascatas de outros planetas, falar com outros seres. Afinal, o pó é igual em todo o lado.
* Aqui no 5 years, canta-se o "Five Years" em voz alta. É assim, meia década de horrores, fascínios e virgulas. O tempo urge.
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Música
quarta-feira, maio 16, 2007
Crise Doméstica
A roupa do estendal estava seca. Tiro peça a peça. Meticuloso. De repente, os dedos falham-me e a mola cai. Solto um "Ahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa......" descontrolado. "Pac!" Bateu no chão. De certeza que não vou lá buscá-la.
1 a 0
O esperado. A casa está a ganhar.
* Adoro este dramatismo policial dark por coisas pequenas!
1 a 0
O esperado. A casa está a ganhar.
* Adoro este dramatismo policial dark por coisas pequenas!
terça-feira, maio 15, 2007
domingo, maio 13, 2007
Noite guardada
Dancei ao som dos LCD Soundsystem. Girei em torno de quem gira à minha volta e perdi-me com vontade nas densidades das existências. Dialoguei, sorri. Se me viram com os braços para cima, então perderam a minha cara de abandono, em que os incógnitos permaneceram incógnitos apesar de formarem a multidão.
Dancei, entrelaçado e livre. Como alguém disse sobre outra coisa qualquer: "É simples, mas não tanto...".
"We're safe, for the moment.
Saved,
For the moment"*
* "Someone Great" dos LCD Soundsystem, que pode ser ouvido aqui.
Dancei, entrelaçado e livre. Como alguém disse sobre outra coisa qualquer: "É simples, mas não tanto...".
"We're safe, for the moment.
Saved,
For the moment"*
* "Someone Great" dos LCD Soundsystem, que pode ser ouvido aqui.
sexta-feira, maio 11, 2007
Perguntei ao Rio Tejo...
... se não nos tinha tirado uma fotografia. Éramos um pormenor no meio da cidade, no meio de muitos miradouros e esplanadas. Mas condensávamos a beleza de Lisboa no nosso olhar. Fazíamos parte dela.
Envolvo-me na memória, na alegria e na saudade dessas horas. Se o Tejo não me responder, tenho a certeza que o sol de Maio guardou o momento. O sol de Maio nunca me falha...
Envolvo-me na memória, na alegria e na saudade dessas horas. Se o Tejo não me responder, tenho a certeza que o sol de Maio guardou o momento. O sol de Maio nunca me falha...
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Nostalgia
quinta-feira, maio 10, 2007
A enciclopédia da vida
Uma proposta mundial. "A Enciclopédia da Vida quer criar na Internet páginas para os 1800 milhões de espécies de seres vivos da Terra"*. Vale mesmo a pena dar uma olhada no filme que define este projecto ambicioso.
www.eol.org
* A citação é retirada do artigo do Público de hoje, que está na primeira página da secção Mundo.
www.eol.org
* A citação é retirada do artigo do Público de hoje, que está na primeira página da secção Mundo.
Será que já partimos?*
Sento-me a olhar para o céu, à procura de astronautas. Tenho sempre a sensação de quase ver um. Mas o céu parece transformar-se e eu acabo diante de um espelho, sem nunca conseguir me ver. Todas as vezes erro o meu olhar por tão pouco... Não sei se a minha visão é deficiente, se o céu me engana, ou se, na mais triste das opções, eu já não estou ali.
Sento-me a olhar para o céu, desisti do meu reflexo e em desespero continuo à procura de astronautas...
"Isn't it a little too late for this"
* Mais uma vez, os The National, puseram-me a escrever. "Looking for astronauts".
Sento-me a olhar para o céu, desisti do meu reflexo e em desespero continuo à procura de astronautas...
"Isn't it a little too late for this"
* Mais uma vez, os The National, puseram-me a escrever. "Looking for astronauts".
Desaceleração: corredores e memórias
Fico à espera dos segundos certos.
Das matizes de uma noite contidas num momento.
Do aroma destilado do convívio.
Gosto da meia-luz, do que falta por descobrir e de repente se torna claro, do que sempre tive como certo e de repente foge para o reino da dúvida.
Encontro nos corredores por onde passamos o contexto da situação. Afinal, é tão inebriante estar como ser.
E já agora, sorriam, estão a ser fotografados!
Das matizes de uma noite contidas num momento.
Do aroma destilado do convívio.
Gosto da meia-luz, do que falta por descobrir e de repente se torna claro, do que sempre tive como certo e de repente foge para o reino da dúvida.
Encontro nos corredores por onde passamos o contexto da situação. Afinal, é tão inebriante estar como ser.
E já agora, sorriam, estão a ser fotografados!
segunda-feira, maio 07, 2007
"I used to wanna change the world. Now I just wanna leave the room with a little dignity."
A dignidade não pertence à equação de shortbus, porque está implícita. Mas a deixa é uma no rol de pérolas que o filme vai proporcionando. Tem algumas cenas duvidosas de bad acting e pode-se discutir certas opções do plot. Mas é um filme genuíno, com momentos hilariantes, descomplexado e que arrisca. E no meio de toda a paródia tem cenas de realização lindíssimas.
É fresco e sexy e novo e gostava de fazer parte da banda! :D
É fresco e sexy e novo e gostava de fazer parte da banda! :D
quarta-feira, maio 02, 2007
A voz do além
Não escolham. Limitem-se andar. Ca-mi-nhem. Lentamente? Rápido de preferência. Vão em frente e sigam. Não ponderem. Nunca ponderem. Ponderar é errado. É conveniente tropeçar algumas vezes. Sim, aprendam com erros, ah, desculpem, serve só se errarem. É mais fácil. Não aprendam. Não pensem. Já disse, não pensem! Um bocadinho de isolamento é bom, é depressivo, fica bem, mas podem ir para a vala em conjunto, quer dizer, para a lama, não queremos mortes. Só alguns ferimentos, mais ou menos graves. Grave é bom. Por isso, já disse: caminhem. Sem pensar. E já sabem, um toque de álcool torna a existência muito mais divertida...